A Associação de Fibrilação Atrial (AFA), uma organização internacional que se dedica à consciencialização para a fibrilhação atrial, atribuiu o Prémio Healthcare Pioneers ao projeto da International Pharmacists for Anticoagulation Care Taskforce (iPACT), no qual participaram mais de meia centena de farmacêuticos portugueses. O trabalho destaca a contribuição destes profissionais de saúde na deteção precoce daquela que é a perturbação cardíaca mais comum detetada pelos médicos, que afeta mais de 16 milhões de pessoas em todo o mundo e que pode ser prevenida com recurso a terapêuticas anticoagulantes.
“Pharmacists´ Contribution to Early Detection of Atrial
Fibrillation – A Proof of Concept in Ten Countries” é o título do trabalho
distinguido pela AFA, cuja coordenação esteve a cargo da farmacêutica e
investigadora portuguesa Filipa Alves da Costa.
O projeto foi desenvolvido no âmbito da IPACT, uma
plataforma internacional dedicada aos cuidados farmacêuticos na anticoagulação,
que congrega farmacêuticos de mais de 20 países, mas que tem vindo
progressivamente a envolver também outros profissionais de saúde,
designadamente médicos cardiologistas, pessoas que
vivem com doença e parceiros sociais.
Iniciado em 2016, em apenas cinco países, o trabalho foi
alargado a um total de dez países já este ano (Portugal, Espanha, França,
Suíça, Reino Unido, República Checa, Hungria, Canadá, Hong Kong e Nova
Zelândia), estimando-se novo alargamento no próximo ano.
Em Portugal, o trabalho envolveu participação de
farmacêuticos de 62 farmácias comunitárias, um hospital e uma residência de
idosos. Ao todo, foram abrangidos mais de quatro mil utentes, que receberam
informações sobre fibrilhação atrial e
fizeram uma medição manual do pulso. Sempre que detetada qualquer
irregularidade, os farmacêuticos fizeram a referenciação e o encaminhamento
para o médico especialista.
No total da amostra, foram identificados 1,4% de novos
casos, valor consistente com alguns estudos anteriormente publicados igualmente
desenvolvidos em farmácia comunitária com vista à identificação precoce desta
doença no âmbito de estreita colaboração interprofissional.
Filipa Alves da Costa destaca que este trabalho fornece
evidência científica para a prestação novos serviços de saúde pública em
farmácias comunitárias, para a prestação de cuidados diferenciados e para a
colaboração com outros profissionais de saúde. “Este trabalho ensinou-se também
que o processo de encaminhamento dos utentes deve ser adaptado aos sistemas de
saúde e à literacia em saúde dos cidadãos”, acrescentou.
O IPACT disponibilizou formação a todos os participantes,
procurando assim uniformizar as práticas nos diferentes países e adotando um
conjunto de Boas Práticas validadas por organizações nacional e internacionais.
A responsável portuguesa destacou ainda que “os
farmacêuticos estão sempre disponíveis para acompanhar os doentes crónicos, mas
também os indivíduos não diagnosticados, razão pela qual as farmácias
comunitárias são um espaço privilegiado para desenvolver este género de
iniciativas de consciencialização e deteção
precoce”.