Em mais uma iniciativa de cooperação e diálogo entre as instituições de ensino das Ciências Farmacêuticas e farmacêuticos dos vários setores de atividade, decorreu a 20 de setembro um novo workshop promovido pela Plataforma Ensino-Profissão. Foi sob a temática das metodologias de ensino que representantes das instituições de ensino que lecionam o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, dos Colégios de Especialidade e dos Grupos Profissionais da OF reuniram nas instalações da sede da Ordem dos Farmacêuticos.
Num ambiente interativo, a sessão iniciou-se com a apresentação de um modelo inovador do ensino das Ciências Farmacêuticas na Austrália. Andreia Bruno, atualmente gestora de projetos e docente na Faculdade de Farmácia da Monash University, explicou em detalhe um conceito de ensino que pretende ser vertical e integrar diversas unidades curriculares em tópicos que façam sentido para os estudantes aproximando-os progressivamente mais da prática. O modelo baseia-se em métodos de aprendizagem ativa (aulas interativas, workshops e aulas de revisão da unidade curricular) e permite ao estudante contactar com a profissão desde o 1º ano através de estágios observacionais, que progressivamente vão ocupando mais tempo e estando associados a tarefas de maior complexidade e responsabilidade.
A docente referiu ainda a colaboração constante com profissionais das várias áreas do setor farmacêutico que para além de contribuírem nos conteúdos, atuam como facilitadores de workshops que permitem aos alunos aplicar, de forma dinâmica, os conceitos aprendidos.
O sistema australiano estimula ainda o desenvolvimento de competências pessoais e transversais, como a capacidade de resolução de problemas, a comunicação oral e escrita, a empatia, a prática reflexiva, a integridade, o trabalho de equipa e a investigação científica. O treino destas competências baseia-se em metodologias de reflexão pessoal e permite constituir um plano de aprendizagem individual do aluno. Este plano é partilhado com os docentes e profissionais convidados que, de forma construtiva, sugerem melhorias personalizadas a cada aluno.
A segunda intervenção esteve a cargo do estudante e Vice-Presidente para a Educação da European Pharmaceutical Students’ Association (EPSA), Diogo Capítulo, que apresentou uma iniciativa que tem sido desenvolvida pela associação, o Methodology Booklet. O documento apresenta as conclusões de um inquérito aos estudantes europeus sobre metodologias de ensino, que contou com respostas de 491 estudantes provenientes de 29 países.
A última parte do workshop reuniu os participantes em grupos e centrou-se na aplicação de algumas das metodologias apresentadas anteriormente, procurando estimular a reflexão sobre a aplicabilidade das mesmas ao ensino em Portugal.