O Grupo de Trabalho Intersetorial criado pelo Ministério da Saúde para as Doenças Raras, coordenado por Maria do Céu Machado, elaborou um Plano de Ação para as Doenças Raras, que registou os contributos de várias organizações dos setores da saúde e da educação, entre as quais a Ordem dos Farmacêuticos, representada pela farmacêutica diretora técnica do Centro de Informação do Medicamento da OF, Ana Paula Mendes.
O documento apresentado no Dia Mundial das Doenças Raras traça a jornada das pessoas que vivem com doenças rara ou ultra raras, num modelo integrado de cuidados e assente em quatro pilares: Centros Especializados, Registo e Codificação, Investigação e Formação.
A nova estratégia prevê a criação de uma estrutura de monitorização e acompanhamento da implementação do plano, bem como um Conselho de Jovens com Doença Rara.
Definem-se também as dez etapas da jornada da pessoa com doença rara: suspeita, diagnóstico, referenciação, seguimento multidisciplinar com estudo genético e apoio de saúde mental, papel do médio de medicina geral e familiar e do enfermeiro mediador, consulta de impasse diagnóstico para suspeitas não confirmadas, telemedicina, acesso equitativo a intervenção terapêutica e transição para os cuidados de adulto.
Está, igualmente, contemplado o funcionamento em rede das instituições portuguesas (centros de referência, centros afiliados e de proximidade) e o estreitamento da colaboração com as redes europeias.
O documento defende o Registo de Saúde Eletrónico único, que permite interoperabilidade entre sistemas de informação de entidades públicas e privadas e a utilização dos códigos ORPHA (um identificador único e estável atribuído a cada doença reunidos na Orphanet, a plataforma europeia que agrega conhecimento sobre as doenças raras) para um registo adequado, a emissão do cartão de PcDR com indicação do médico, do centro de cuidados e qual a intervenção em caso de emergência.
O novo plano promove ainda a investigação clínica e de translação, por exemplo, e a informação e formação de acordo com as necessidades dos portadores de doenças raras, família e cuidadores, de modo a permitir a auto-gestão da doença rara.