Os farmacêuticos comunitários de Portugal, Espanha, França e Itália estiveram reunidos esta sexta-feira, no Porto, em mais uma edição das Jornadas da Farmácia Latina, que este ano foram organizadas pela Ordem dos Farmacêuticos (OF) e pela Associação Nacional das Farmácias (ANF).
Presente na abertura do evento, o presidente do Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU), Aris Prins, apresentou as linhas gerais da intervenção do PGEU no processo de revisão da legislação farmacêutica europeia.
«A reforma em curso da legislação farmacêutica da União Europeia é uma oportunidade única para moldar o futuro da regulamentação farmacêutica, em que devemos participar ativamente, para garantir que o resultado está de acordo com os melhores interesses dos nossos doentes e da nossa profissão. Temos de garantir que a reforma ajudará a construir uma cadeia de abastecimento mais resistente e a melhorar a prevenção, a monitorização e a gestão da escassez de medicamentos e, de um modo mais geral, que melhorará o acesso dos doentes a medicamentos seguros e a preços acessíveis, independentemente do local onde vivam na Europa», revelou a presidente do PGEU.
Ao longo do evento, os representantes de cada país apresentaram os respetivos desenvolvimentos na prática em Farmácia Comunitária, nomeadamente a disponibilização de novos serviços farmacêuticos e a implementação de boas práticas.
O bastonário da OF, Helder Mota Filipe, abordou os desenvolvimentos regulamentares no exercício farmacêutico em Portugal. Desde logo as alterações ao Estatuto da OF e aos atos farmacêuticos, mas também o enquadramento legislativo que possibilita a dispensa de medicamentos hospitalares através das farmácias comunitárias, a renovação da terapêutica a doentes crónicos e a intervenção em situações clínicas ligeiras, prevista no Orçamento de Estado para este ano.
O representante dos farmacêuticos portugueses recordou a importância do desenvolvimento profissional contínuo e apresentou o modelo de desenvolvimento de novas competências farmacêuticas, em áreas como a Oncologia, a Investigação Clínica e a Saúde Pública, a Medicina Farmacêutica e a Gestão em Saúde
«O diálogo permanente com estes países, cuja realidade da intervenção do farmacêutico é bastante próxima, é fundamental. A nossa agenda é muito próxima e é importante que essa mensagem seja reforçada junto dos ministros da Saúde dos nossos países», explicou o bastonário.
A presidente da ANF, Ema Paulino, partilhou com os parceiros europeus a experiência recente de integração das farmácias na campanha de vacinação sazonal contra a gripe e conta a COVID-19, serviço contratualizado com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e remunerado pela primeira vez aos agentes envolvidos: distribuidores e farmácias comunitárias. «Mais de 70% das vacinas foram administradas em farmácias, com resultados muito positivos de adesão e satisfação da população», acrescentou.
Ema Paulino enunciou ainda as medidas já aprovadas pela Governo em Portugal de acompanhamento na renovação da terapêutica crónica e na dispensa em proximidade de medicação hospitalar, como exemplos do potencial da intervenção do farmacêutico e da farmácia na jornada de saúde das pessoas
No final do encontro, os parceiros europeus reconheceram a evolução da intervenção do farmacêutico em Portugal, com novos serviços desenvolvidos em articulação com o Serviço Nacional de Saúde, que permitem aliviar a pressão sobre os serviços públicos de saúde e contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de saúde dos países.