A Ordem dos Farmacêuticos (OF) defende o reforço da capacidade de regulação do Infarmed e um investimento no capital humano e infraestruturas da autoridade reguladora. “Não adianta atirar mais responsabilidades para cima do Infarmed sem que estejam asseguradas as condições para exercer a sua função reguladora”, disse a bastonária da OF na abertura do Reunião Anual do Colégio de Especialidade de Assuntos Regulamentares (CEAR), que juntou hoje, em Lisboa, mais de uma centena de profissionais ligados à atividade regulamentar no setor farmacêutico.
A bastonária da OF, Ana Paula Martins, assumiu o compromisso
de reforçar a importância da atividade reguladora junto do novo elenco governativo.
“Em breve, iremos reunir com a ministra e com os novos secretários de Estado e
um dos aspetos que vamos seguramente transmitir é que o Infarmed tem uma
importância extraordinária no seio do sistema de saúde”, revelou a
representante dos farmacêuticos portugueses.
“O Infarmed tem de voltar a ter infreaestruturas adequadas
às suas funções e incentivos ao capital humano, pondo de lado modelos ultrapassados
para responder aos desafios atuais da regulação em saúde”, disse ainda.
Presente também na abertura do evento, o presidente do
Infarmed, Rui Santos Ivo, revelou o trabalho que está a ser desenvolvido para
definição de um plano estratégico para os próximos três anos, admitindo a necessidade
de fazer algumas reformas na instituição.
“Vamos apresentar algumas propostas para criar condições
para melhorar as condições dos nossos recursos humanos”, adiantou o presidente
da autoridade reguladora.
Rui Santos Ivo destacou ainda os contributos do Conselho
Consultivo do Infarmed, no qual a OF tem assento, para a definição de uma
agenda a médio e longo prazo, num trabalho que envolveu também a formação de algunsfocus groups, que contaram também com a participação do presidente do
CEAR, Pedro Freitas.
O presidente do Infarmed e bastonária da OF partilham também
preocupações no âmbito da qualidade dos medicamentos, sublinhando tratar-se, “ainda
e sempre”, de um desafio emergente, que justifica vigilância apertada da
autoridade reguladora, dando como exemplo os recentes casos sobre a presença de
vestígios de nitrosamina em alguns medicamentos, mas também de outras substâncias
e excipientes que podem afetar a segurança e eficácia dos tratamentos.
A primeira reunião anual do atual mandato do Conselho do
Colégio de Especialidade de Assuntos Regulamentares esteve subordinada ao tema “A
Regulamentação ao Serviço do Doente”. O presidente do Colégio, Pedro Freitas,
aproveitou a ocasião para anunciar outras ações previstas no próximo triénio,
como a revisão das Boas Práticas Regulamentares ou a realização de cursos descentralizados
dirigidos aos profissionais que iniciam agora a sua atividade na área
regulamentar, mas também a farmacêuticos que trabalham em áreas que requerem
conhecimentos mais aprofundados sobre a regulação do setor.
A bastonária lembrou também os contributos do Colégio no processo
de aproximação entre a Academia e as necessidades do mercado de trabalho, através
de uma adaptação de currículos e maior oferta formativa para áreas e temas que
suscitem o interesse dos profissionais. Para a responsável da OF, a formação diferenciada
dos farmacêuticos podem fazer a diferença neste setor de atividade,
Ao longo desta jornada de trabalhos, os profissionais ligados
aos assuntos regulamentares na área do medicamento debateram várias temáticas relacionadas
com a sua esfera de intervenção, como são os casos das disrupções na cadeira de
fornecimento, a regulamentação dos dispositivos médicos ou a avaliação
farmacoeconómica das tecnologias de saúde.