No passado dia 29 de novembro, de modo a assinalar o dia da Luta contra a SIDA, o departamento de relações internacionais realizou um webinar subordinado ao tema “O Farmacêutico comunitário na infeção por VIH: Moçambique e Portugal em perspetiva”.
Esta sessão colocou em diálogo Tatiana Fonseca, assessora de Farmácia e Programas no Centro de Colaboração em Saúde (CCS) de Moçambique e Mariana Figueira, farmacêutica comunitária na Farmácia Holon Campo Grande.
O objetivo do evento foi partilhar experiências de intervenção farmacêutica na prevenção e tratamento dos utentes com VIH, entre dois países com situações geográficas e contextos epidemiológicos muito distintos. A audiência deste webinar contou com a presença de participantes não apenas portugueses, mas também dos vários países africanos de língua oficial portuguesa.
Tatiana Fonseca apresentou o programa de dispensa descentralizada de antirretrovirais em Moçambique, que resulta de um projeto conjunto entre a Farmac (empresa estatal que agrega e representa as farmácias) e o MISAU (Ministério de Saúde de Moçambique). O projeto arrancou oficialmente no final de 2019 e tem uma abrangência nacional. A assessora do CSS destacou que a dispensa de antirretrovirais em farmácias comunitárias permitiu reduzir o problema da aglomeração de utentes em filas de espera nas farmácias dos hospitais locais, melhorou significativamente a satisfação dos utentes e provedores de saúde, dado que as farmácias comunitárias têm maior capilaridade territorial e horários mais convenientes aos utentes, otimizou a adesão à terapêutica e a relação de confiança entre farmacêutico e utente. No final da comunicação Tatiana Fonseca sublinhou que só na cidade de Maputo são acompanhados 9130 utentes com tratamento antirretroviral através deste programa.
Mariana Figueira apresentou o papel transversal que os farmacêuticos comunitários em Portugal têm na promoção da literacia sobre o VIH e a SIDA, na desmistificação do estigma, na realização de testes rápidos e educação da utilização do auto-testes de VIH, no programa de troca de seringas, no acesso à Profilaxia de Pré-Exposição ao VIH (PrEP) e acompanhamento dos utentes em tratamento com antirretrovirais. Mariana Figueira realçou a importância de um aconselhamento empático, a posição privilegiada em que os farmacêuticos comunitários se encontram para estabelecer uma relação de proximidade com os utentes e o espaço de confidencialidade que as farmácias proporcionam.
No final da sessão, houve espaço para debate com moderação de Diana Costa, Secretária-Geral ajunta da Ordem dos Farmacêuticos (OF).
Esta iniciativa do Departamento de Relações Internacionais da OF e insere-se na estratégia da OF de cooperação internacional e afirmação da profissão farmacêutica no espaço lusófono.