Pela primeira vez, os farmacêuticos moçambicanos estiveram reunidos em congresso para debater o estado atual da profissão e os principais desafios do país em matérias de cuidados de saúde, assistência farmacêutica e medicamentosa. O 1.º Congresso dos Farmacêuticos de Moçambique, organizado pela Associação dos Farmacêuticos de Moçambique (Afarmo), foi uma oportunidade para atualização de conhecimentos e desenvolvimento profissional, mas, acima de tudo, um primeiro passo para afirmação de um grupo profissional essencial para o país.
A Afarmo juntou pela
primeira vez em congresso, no dia 2 de novembro, a classe farmacêutica
moçambicana, num evento em que foi evidente a crescente importância destes
profissionais de saúde para o sistema de saúde moçambicano.
“Farmácia e Farmacêuticos. Unidos pelas pessoas” foi o
mote para um dia intenso de trabalhos em que foram focados os temas das Boas
Páticas de Farmácia Comunitária e o impacto da nova legislação na área do
medicamento. O problema da contrafação esteve também presente, de forma
transversal, em quase todos os painéis e sessões de debate e reveste-se de
particular atualidade no país, que se depara com frequentes ruturas de
medicamentos essenciais nas farmácias estatais, o que condiciona as
terapêuticas dos doentes sem meios para recorrer a farmácias privadas.
O presidente da Afarmo, Lucien Pierre, admitiu
preocupações com desvios de medicamentos do serviço nacional de saúde para o
mercado paralelo, apelando a medidas mais apertadas para travar o fenómeno.
Participando num painel com o presidente da Afarmo, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos
(OF) de Portugal, Ana Paula Martins, falou sobre alguns desafios da
regulamentação do setor, e muito especialmente da atividade farmacêutica,
lembrando a colaboração da OF na criação das Ordens de Angola e Cabo Verde.
A História da Farmácia em Moçambique e o associativismo na área farmacêutica foram outros
aspetos focados nesta sessão, em que foi valorizada a relação dos farmacêuticos
com outros profissionais de saúde e a colaboração em equipas
multidisciplinares.
O evento contou também com a participação da ministra da
Saúde de Moçambique, Nazira Abdula, e do
vice-ministro da Saúde de Moçambique, Leopoldo Costa, ficando ainda marcado
pela homenagem prestada ao ex-ministro da Saúde e
ex-Reitor do ISCTEM, Paulo Ivo Garrido, Medalha de Honra da OF, pelo seu
contributo para a criação da primeira licenciatura em Ciências Farmacêuticas no
país, no Instituto Superior de Ciências e Tecnologias de Moçambique (ISCTEM), em 1997.