Com o mote de “debater a atualidade, desafiar o futuro” realizou-se, no passado dia 2 de julho, o primeiro Ciclo de Conferências do ano de 2020, subordinado ao tema “O contributo dos farmacêuticos na intervenção em doenças não transmissíveis”, organizado pela Secção Regional do Sul e Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF).
Reconhecendo a relevância de debater o potencial da intervenção dos farmacêuticos nestas doenças, torna-se indispensável envolver a sociedade civil e compreender a relevância da participação dos farmacêuticos e das associações de pessoas com doença.
A Federação Internacional Farmacêutica (FIP) desenvolveu e divulgou um relatório “Beating non-communicable diseases in the community: the contribution of pharmacists”, em que destaca o envolvimento destes profissionais na prevenção, diagnóstico precoce e gestão de doenças não transmissíveis. Para apresentar este relatório, contámos com a presença de Isabel Jacinto, que como integrante do grupo de trabalho de doenças não transmissíveis da FIP, teve a responsabilidade de coordenar o desenvolvimento e publicação deste relatório.
Após o enquadramento da temática, seguiu-se uma sessão de debate, moderada por Luís Lourenço, Presidente da SRSRA-OF.
Jenifer Duarte, Presidente
da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP), enalteceu o trabalho já
desenvolvido pelos farmacêuticos comunitários no que diz respeito ao
aconselhamento e serviços prestados. No que concerne à prevenção da evolução da
doença, afirmou que é necessário, desde cedo, “ensinar as crianças a terem
cuidado nos seus registos”, deixando a sugestão de que as dinâmicas de gamification
e similares são boas oportunidades de melhoria.
Coordenadora do projeto Train4Health,
Mara Guerreiro explicou que este inovador projeto pretende “capacitar os
futuros profissionais com o contributo da mudança comportamental e a
comunicação interprofissional”. Reiterou ainda que, “o apoio à autogestão e
à mudança comportamental é muito mais do que conselhos e recomendações”.
Vítor Neves, Presidente
Executivo da Europacolon Portugal (Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo),
afirmou que “há um papel dos farmacêuticos imprescindível na prevenção de
doenças, na educação para a saúde, principalmente em casos em que é possível
fazer um diagnóstico precoce”, contudo é extremamente necessária a partilha
de informação e de competências entre os cuidados de saúde primários, as
farmácias comunitárias e os hospitais. No final, solicitou a colaboração das
farmácias com as associações de doentes, pois entende que será uma mais valia,
tanto para as pessoas que vivem com doença, como para o sistema nacional de
saúde.
Isabel Jacinto apontou
como pontos de melhoria futura, a revisão dos modelos colaborativos de partilha
de dados em saúde e sua referenciação, assim como o envolvimento da pessoa com que
vive com doença e os seus cuidadores. De igual forma, afirmou que também o
registo de intervenções farmacêuticas deve ser revisto, de forma a facilitar e
melhorar a vida das pessoas que vivem com doença e possibilitar uma maior promoção
do valor dos farmacêuticos.
Após as apresentações dos oradores, houve lugar para as questões colocadas pelos cerca de 211 participantes.
As farmácias geram um
elemento de confiança e empatia profissional, que aliadas à proximidade e
acessibilidade, são uma mais valia para os cidadãos. A capacitação dos
farmacêuticos, desde cedo, para desempenharem o papel de educador e promotor de
saúde junto dos seus utentes é necessária, assim como a intercomunicação entre
todos os profissionais de saúde. Embora os farmacêuticos sejam reconhecidos
pelo seu trabalho, há ainda muitas oportunidades que podem e devem ser
aproveitadas.