Um novo relatório publicado pelo Grupo Farmacêutico da União Europeia (PGEU) evidencia a dimensão europeia do problema do aumento das ruturas e escassez de medicamentos. A grande maioria (76%) dos países admite que a situação piorou, poucos (24%) dizem que continua igual e nenhum aponta para melhorias no acesso. Em Portugal, o PGEU reporta um aumento das ruturas no último ano na ordem dos 30%.
O PGEU desenvolveu um inquérito para recolher informação sobre
a rutura de medicamentos em farmácias comunitárias nos países europeus. Os
resultados indicam que a situação piorou no último ano, com todas as classes de
medicamentos afetadas.
De acordo com os resultados apurados, a oferta de
medicamentos cardiovasculares tem sido a mais lesada (83%), seguida dos
medicamentos para o sistema nervoso e dos medicamentos anti-infecciosos para
uso sistémico (i.e. antibióticos, com 79%) e medicamentos para o sistema
respiratório (76%).
A maioria dos países (66%) registaram também a falta de
dispositivos médicos nas farmácias comunitárias, lamentando que não exista um
sistema de notificação de faltas que possa ser utilizado pelos farmacêuticos
comunitários, tanto ao nível do medicamento como dos dispositivos médicos, e
que aos ajude a esclarecer a situação real.
A interrupção dos tratamentos (90%), o aumento dos
pagamentos com recurso a seguro para as alternativas mais caras e não
reembolsadas (72%) e o tratamento/eficácia inferior (59%) são as consequências
mais comuns das ruturas, provocando a angústia e incómodos aos doentes (93%).
A causas mais mencionadas foram a perturbação/suspensão do
processo de fabrico (66%), quota imposta pelo fabricante (55%) e aumento
inesperado da procura de medicamentos (48%), como as formulações pediátricas de
antibióticos.
Entre as soluções propostas pelos farmacêuticos comunitários
europeus estão substituição por genéricos (93%), a aquisição do mesmo
medicamento a fontes alternativas autorizadas (62%) e a preparação de uma formulação
composta (62%).
Contudo, algumas destas soluções representam novos desafios,
como a necessidade de uma nova prescrição, ou tempo adicional despendido pelas
equipas de farmácia para lidar com as ruturas, estimado em 6 horas e 40 minutos
por semana.
Consulte os resultados
do inquérito do PGEU sobre as ruturas de medicamentos nas farmácias
comunitárias europeias.