Maria Manuela Soares Luz Clara, ex-diretora dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Santa Maria, morreu este fim-de-semana, em Lisboa, aos 89 anos. O corpo encontra-se em câmara ardente na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, com a missa de corpo presente agendada para as 15 horas de hoje. A Ordem dos Farmacêuticos (OF) manifesta profundo pesar pelo desaparecimento de um dos seus mais ilustres membros e endereça a toda a família e amigos as mais sentidas condolências.
Maria Manuela Luz Clara foi
uma das mais notáveis farmacêuticas do nosso tempo. A par de figuras como Aluísio
Marques Leal ou Carlos Silveira, assumiu papel determinante na reorganização e
modernização da Farmácia Hospitalar portuguesa, na década de 60.
Natural do Montijo, no
concelho de Setúbal, licenciou-se em Farmácia, pela Faculdade de Farmácia da
Universidade do Porto, decorria o ano de 1952. Logo que terminado o curso,
iniciou funções na Farmácia Moderna, na sua terra natal, onde assumiu a direção
técnica.
Ingressou depois no Hospital
de Santa Maria, onde esteve cerca de 20 anos, até 1993, assumindo o desígnio da
integração do farmacêutico na equipa hospitalar, em departamentos de Medicina
Interna. Durante este período foi grande impulsionadora da atividade
clínica dos farmacêuticos hospitalares, que é hoje uma realidade na esmagadora
maioria dos hospitais do país.
Esteve também ligada ao Ensino Farmacêutico, como professora
auxiliar da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), onde foi
responsável pela unidade curricular de Farmácia Hospitalar durante mais de 10
anos, e membro do grupo coordenador do primeiro mestrado em Farmácia
Hospitalar. Lecionou também Farmacologia na Escola Técnica de Enfermagem
Francisco Gentil e representou a OF no Programa de Formação Contínua para
Farmacêuticos de Oficina na área de Farmácia Clínica.
Na década de 90 esteve profundamente envolvida na criação da
Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH), integrando a
Comissão Instaladora e assumindo a presidência da direção no primeiro mandato,
durante o qual se organizaram os primeiros Cursos APFH, no caso sobre
“Meios de Contrastes Radiológicos”, com sessões em Coimbra, Porto e
Lisboa, e do primeiro Conselho Científico, já no segundo mandato. É também uma
das sócias fundadoras da Sociedade Europeia de Farmácia Clínica, criada em 1979.
Em 1989, recebeu das mãos do bastonário Alfredo Albuquerque a
Medalha de Honra da OF, pela sua ação extraordinária e reconhecido mérito na
defesa e prestígio da profissão farmacêutica, contribuindo de modo
extraordinário para a valorização da atividade farmacêutica no seio da
sociedade e do sistema de saúde.
No início deste ano, o Conselho do Colégio de Especialidade
de Farmácia Hospitalar da OF prestou também a sua homenagem à colega farmacêutica
especialista, atribuindo o seu nome à edição de 2018 do Prémio Pegadas, como
forma de reconhecimento da importância e do legado profissional de Manuela Luz
Clara, e distinguindo o seu relevante contributo para a afirmação da Farmácia
Hospitalar no nosso país, bem como para o prestígio dos farmacêuticos
hospitalares portugueses, hoje reconhecidos como pilar essencial na prestação
de cuidados de saúde em ambiente hospitalar.
A OF destaca a vasta contribuição de Manuela Luz Clara
para o desenvolvimento da profissão farmacêutica, em especial na área
hospitalar, e agradece a elevada dedicação e empenho que sempre evidenciou quer
no exercício das suas funções, quer nos trabalhos das diferentes organizações e
estruturas profissionais em que se envolveu.