Numa das suas primeiras intervenções públicas no cargo, o novo ministro da Saúde, Manuel Pizarro, dirigiu-se ontem aos farmacêuticos para agradecer o seu “trabalho quotidiano” e, muito especialmente, o “esforço” empregue durante os dois últimos anos de pandemia, continuando a garantir o acesso aos medicamentos e serviços de saúde “muito úteis à população”. Participando na sessão solene comemorativa do Dia Nacional do Farmacêutico, o governante mostrou-se comprometido com algumas prioridades elencadas pelos farmacêuticos, como a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, a renovação da terapêutica a doentes crónicos.
“Temos obrigação de generalizar algumas ações que mostraram funcionar bem”, considera o ministro da Saúde, em referência a vários projetos e experiências-piloto desenvolvidos nas farmácias que evidenciaram vantagens clínicas e económicas para os doentes e para o sistema de saúde.
“Estou comprometido com essa agenda política de organizar de forma mais ativa a distribuição em proximidade dos medicamentos de uso hospitalar, poupando viagens difíceis a muitos doentes e muitas famílias e, por essa via, recursos ao Serviço Nacional de Saúde e ao Estado, e da criação de mecanismos que agilizem a possibilidade de renovação da medicação crónica para tantos e tantos doentes, poupando tarefas que, do lado do sistema de saúde parecem mais burocráticas do que de outro teor, e otimizando as condições através das quais os farmacêuticos possam ter uma participação mais ativa na gestão da doença crónica, que em alguns casos é essencial”, disse Manuel Pizarro, na sua intervenção no Dia Nacional do Farmacêutico.
O ministro da Saúde referiu-se ainda ao acesso dos farmacêuticos aos dados em saúde, mencionando a relevância da criação de um perfil de informação de saúde a que estes profissionais possam aceder. “Hoje há pessoas que têm muitas patologias, que tomam muitos medicamentos e, independentemente da responsabilidade especial dos médicos e enfermeiros no controlo da prescrição terapêutica, também é muito importante perceber, no momento de aviar os medicamentos na farmácia, se os doentes estão a fazer exatamente conforme a prescrição”, explicou o governante à margem do evento.
Manuel Pizarro abordou ainda alguns desafios prementes para os sistemas de saúde, que, em sua opinião, resultam de aspetos positivos, dos avanços científicos e tecnológicos. “De facto, temos hoje uma capacidade muito maior de diagnosticar e tratar patologias que até há poucos anos tinha um curso frequentemente fatal. […] Hoje temos um armamentário terapêutico muitíssimo superior ao que existia. As diferenças são absolutamente notáveis”, lembrou o ministro.
A inovação terapêutica tem “custos muito elevados”, o que aumenta a responsabilidade na forma como é utilizada. O ministro da Saúde acompanha a preocupação manifestada pelo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de que não é possível promover o uso seguro e responsável dos medicamentos e, muito particularmente, da inovação terapêutica sem a participação mais vasta dos farmacêuticos, “que são os profissionais mais bem preparados para lidar com os medicamentos”.
Manuel Pizarro entende ainda que os farmacêuticos têm um papel central no combate á iliteracia em saúde, promovendo a utilização correta destas tecnologias de saúde extremamente dispendiosas para o país.
Por fim, o ministro referiu-se ao processo de integração de novos farmacêuticos no SNS, lembrando o processo em curso para ingresso de mais de uma centena de farmacêuticos na Residência Farmacêutica. “Herdei a carreira farmacêutica criada, mas não me livro de alguns problemas com a sua implementação”, admitiu o ministro, reiterando a abertura do Ministério para o diálogo e cooperação, que quer prosseguir ao longo do mandato com os demais parceiros.