Jornadas confirmam vitalidade das análises clínicas e genética humana – Notícias

Os farmacêuticos que trabalham nas Análises Clínicas e na Genética Humana estiveram reunidos este fim-de-semana, no Porto, por ocasião das XXIII Jornadas Científicas de Análises Clínicas e de Genética Humana e XIV Jornadas Ibéricas de Análises Clínicas, numa organização conjunta do CCEACGH-OF e da Associação Espanhola do Laboratório Clínico (AEFA).

O evento retomou o seu formato presencial, juntando mais de uma centena farmacêuticos analistas de todo o país para uma nova oportunidade para atualização de conhecimentos, partilha de informação e de experiências sobre o exercício da profissão farmacêutica no ramo laboratorial.

A abertura das jornadas contou com a participação do bastonário da OF, Helder Mota Filipe, da presidente do CCEACGH-OF, Leonor Correia, e do presidente da AEFA, Antonio Rider Pérez, e o programa incluiu sessões de debate e apresentações sobre os avanços científicos em áreas como a hematologia, hemato-oncologia, microbiologia, bioquímica, imunologia e genética humana.

Conforme foi realçado pelo bastonário no início dos trabalhos, o setor das análises clínicas e dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica enfrenta atualmente um período extremamente desafiante, com dificuldades idênticas aos cuidados assistenciais prestados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), devido a um acentuado desinvestimento em instalações, equipamentos e recursos humanos.

A OF tem vindo a promover uma reflexão interna sobre estas duas áreas profissionais, que, ao longo dos últimos anos, têm registado uma forte redução do número de farmacêuticos em exercício, em funções que acabam por ser assumidas por outros profissionais com competências na área, como os biólogos, bioquímicos, além de médicos patologistas clínicos.

Desta reflexão, resultou uma Estratégia para as Especialidades de Análises Clínicas e de Genética Humana, que assenta em três pilares fundamentais: a caraterização do setor; o reforço da sua componente técnico-científica; e afirmação como área estratégica no âmbito da saúde pública.

Com esta nova estratégia, a Ordem espera aumentar a atratividade dos farmacêuticos pelas áreas ligadas às análises e realçar a diferenciação das suas qualificações profissionais, que lhes proporciona uma visão e abordagem integrada do doente e o acesso a cargos e a funções reservados a médicos e farmacêuticos especialistas.

A OF tem vindo a denunciar a discriminação dos farmacêuticos especialistas em Análises Clínicas no acesso às direções de serviço e nas escalas dos Serviços de Urgência. A Ordem tem também alertado para a necessidade de aumentar o número de vagas para farmacêuticos residentes nos Serviços de Patologia Clínica e de Genética Médica, como forma de impulsionar a sua formação especializada, assegurando a renovação geracional do quadro de farmacêuticos no SNS e nos serviços de patologia clínica, de forma muito particular.

Instituída em 2017, a Carreira Farmacêutica no SNS integra também os farmacêuticos das áreas das Análises Clínicas e na Genética Humana, que trabalham em laboratórios centrais do Estado e Serviços de Patologia Clínica hospitalar, entre outros.

No setor privado e social, a OF tem vindo alertar as autoridades e decisores para os problemas de sustentabilidade dos pequenos e médios laboratórios independentes, que prestam um serviço de proximidade fundamental para as populações mais isoladas. Ao longo de várias décadas, estas unidades asseguraram o acesso da população aos meios complementares de diagnóstico a terapêutica, num regime de convenção com o SNS que garantia a prestação do serviço a preços controlados.

Iniciativas de internalização das análises clínicas em alguns centros hospitalares e unidades locais de saúde ameaçam agora a viabilidade económica dos laboratórios de análises clínicas instalados no interior do país, numa incerteza que impede investimentos em novas instalações, equipamentos e recursos humanos qualificados, além de um serviço personalizado, prestado em proximidade e altamente valorizado pelos utentes.

A OF regista atualmente cerca de 1.000 farmacêuticos em exercício na área das Análises Clínicas e da Genética Humana, a grande maioria dos quais com a respetiva especialização concluída, exercendo em unidades publicas, privadas e do setor social. Outrora a segunda área profissional com mais farmacêuticos, logo após a Farmácia Comunitária, as Análises Clínicas são hoje a quinta área profissional com maior número de farmacêuticos.

Os meios complementares de diagnóstico e terapêutica e as análises clínicas, de forma muito particular, são determinantes para a qualidade e a segurança na prática clínica, suportando cerca de 70% das decisões clínicas e permitindo também a monitorização do efeito das terapêuticas instituídas e a sua personalização.

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