O serviço de teste rápido de antigénio (TRAg) de uso profissional para o diagnóstico do SARS-CoV-2 desenvolvido pelas farmácias comunitárias durante a pandemia de COVID-19 contribuiu, de forma decisiva, para alargar a cobertura e aumentar o acesso da população à testagem e assim acelerar o diagnóstico, reduzir o número de infeções, internamentos e mortes. Os resultados do estudo realizado pelo Cefar – Centro de Estudos e Avaliação em Saúde revelam a preferência dos portugueses pela realização de TRAg nas farmácias comunitárias.
O trabalho desenvolvido pelo CEFAR foi apresentado publicamente a 15 de dezembro, no auditório da Associação Nacional das Farmácias (ANF), num evento que registou a presença do ministro da Saúde.
Manuel Pizarro realçou o “papel insubstituível” das farmácias na resposta à pandemia. “Parece-me evidente que qualquer estratégia de saúde para Portugal, que sendo um país pequeno tem enormes diferenças regionais, só pode continuar a ter e a valorizar as farmácias como parceiras do SNS”, disse o ministro.
De acordo com os dados apresentados pela farmacêutica e investigadora do CEFAR, Sónia Romano, as farmácias portuguesas realizaram mais de 13 milhões de TRAg para diagnóstico da infeção por SARS-CoV-2.
O serviço disponibilizado por 1.650 farmácias espalhadas pelo país iniciou-se em janeiro de 2021. Um ano depois, em janeiro de 2022, no pico da testagem em Portugal, as farmácias realizaram mais de 90% dos TRAg.
O estudo demonstra ainda que a participação das farmácias na estratégia nacional de testagem permitiu alargar a cobertura do serviço a mais 74 concelhos (266 no total) e abranger 99,3% da população portuguesa, reduzindo para menos de metade a distância média dos cidadãos ao local mais próximo para realização de TRAg.
“A participação das farmácias permitiu reduzir, com particular impacto, as desigualdades de acesso i) geográfico e em ii) horas por 1000 habitantes nos subgrupos de concelhos com menor densidade populacional (i) -38,1% e ii) -43,3%), maior índice de envelhecimento (i) -32,2% e ii) -51,3%) e menor poder de compra per capita (i) -15,2% e ii) -54,6%)”, refere o estudo.
Na análise aos ganhos em saúde, destacam-se os benefícios da realização de TRAg como complemento à testagem por PCR, que terá evitado 6,7% de mortes, 14,5% de casos de infeção e 7,4% dos dias de internamento, com um custo médio por teste bastante inferior.
A generalidade dos utentes reportou elevados níveis de satisfação com o serviço prestado nas farmácias, desde a localização, comunicação de resultados, confiança profissional e tempo de espera.
“A inclusão das farmácias no esforço nacional de testagem, permitiu preencher lacunas geográficas e socioeconómicas na cobertura do território nacional como um todo, nos vários indicadores de acesso estudados. Sem as farmácias, a prestação deste serviço à população tem uma cobertura do território do Continente com hiatos significativos, aumentando as desigualdades em grupos já por si mais vulneráveis da população”, concluem os investigadores.