O STADA Health Report 2025 revela que, apesar das fragilidades dos sistemas de saúde, os farmacêuticos mantêm um papel central como figuras de proximidade e confiança para milhões de cidadãos. Os dados revelam que sistemas de saúde europeus enfrentam uma pressão crescente e são amplamente percecionados como injustos, sobretudo por quem vive com dificuldades financeiras ou problemas de saúde mental. O estudo indica que apenas 58% dos europeus estão satisfeitos com o sistema de saúde do seu país, e apenas 51% o consideram justo.
Apesar deste cenário, os farmacêuticos destacam-se como figuras de confiança no panorama da saúde europeia. Segundo o relatório, 58% dos europeus confiam nos farmacêuticos para o acompanhamento de questões de saúde, um nível de confiança apenas ultrapassado pelos médicos de clínica geral (69%).
O relatório destaca ainda que a aposta na prevenção está a aumentar em toda a Europa, mas o acesso continua desigual. Tecnologias emergentes como a inteligência artificial oferecem potencial para melhorar a equidade nos cuidados de saúde, mas ainda sem o mesmo nível de confiança que os profissionais de saúde. Apenas 15% dos europeus confiam na inteligência artificial para questões de saúde, e 20% recorrem ao Google como fonte de informação.
Quando confrontados com problemas de saúde, os europeus tendem a procurar o seu médico ou farmacêutico. Situações como dores nas costas, fadiga e febre são os principais motivos para consultas médicas. Já os farmacêuticos surgem como uma alternativa especialmente para sintomas leves como dores de cabeça, garganta irritada, nariz entupido ou náuseas, revelando um crescente reconhecimento e confiança nas farmácias comunitárias.
Face à crescente digitalização da sociedade, em que a aquisição de medicamentos online é uma realidade, o contacto presencial mantém-se como uma motivação para visitar as farmácias. De acordo com o relatório, 40% dos europeus valorizam particularmente o aconselhamento dado pelos farmacêuticos, com Portugal e Sérvia a liderarem com 48%. Além disso, 40% sentem-se mais seguros por saberem que podem aceder rapidamente aos produtos de que necessitam.
As farmácias são também vistas como locais de conveniência e confiança. 30% dos europeus consideram-nas “balcões únicos” para todas as suas necessidades de saúde, e 28% frequentam-nas por conhecerem e confiarem nos profissionais que lá trabalham, um valor que em Portugal sobe para os 41%. Outros fatores que explicam a preferência pelas farmácias físicas incluem o apoio ao comércio local (17%), a vontade de manter a privacidade e não deixar rasto digital nas suas compras (17%), a procura de aconselhamento sobre temas mais sensíveis ou “tabu” (14%) e a adesão a descontos e programas de fidelização (14%). Apenas 5% dos europeus afirmam não visitar farmácias físicas.
Para além da forte valorização do aconselhamento presencial, Portugal é também um dos países onde a relação de confiança com os farmacêuticos é mais marcante. Essa proximidade torna-se ainda mais relevante num contexto em que os custos associados à saúde são considerados uma barreira ao acesso, com 39% dos portugueses a considerarem que os encargos financeiros dificultam a adoção de um estilo de vida saudável, um dos valores mais elevados entre os países analisados.
Publicado anualmente, o STADA Health Report é um dos estudos internacionais mais abrangentes sobre saúde na Europa, reunindo dados de mais de 20 mil cidadãos oriundo de 22 países. A edição de 2025 oferece uma visão profunda sobre hábitos de vida saudável, confiança nos sistemas de saúde e nas suas figuras-chave, assim como os desafios estruturais que continuam a marcar o acesso à saúde no continente. O relatório procura não apenas diagnosticar a realidade atual, mas também lançar pistas para políticas e soluções que promovam uma saúde mais acessível, equitativa e centrada nas pessoas.