O projeto Saúdes, desenvolvido pela Médis, apresentou os resultados do estudo “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio – edição 2024”, sob a orientação do ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes.
Depois de uma primeiro edição realizada em 2021, o trabalho agora divulgado apresenta algumas variações positivas, ainda que ligeiras, na maior parte dos indicadores-chave analisados: qualidade, acesso, literacia, perceção e “potência saúde”.
Na avaliação da qualidade dos serviços de saúde, a pontuação média sobe de 7,0 para 7,3 desde 2021 (numa escala de 1 a 10). Esta melhoria é conduzida essencialmente pelo setor público, onde o acesso à digitalização tem dado um bom contributo no aumento da satisfação. 53% dos inquiridos que utilizam os serviços de saúde, públicos ou privados, consideram a qualidade dos serviços elevada ou muito elevada.
No entanto, o acesso aos cuidados continua a ser um desafio para muitos. 26% dos portugueses reporta dificuldades em aceder aos serviços de saúde em tempo útil. As desigualdades regionais são evidentes, com o Grande Porto a destacar-se como a região com melhor acesso (7,2, numa escala de 1 a 10) e maior confiança na capacidade de resposta do Sistema Nacional de Saúde (SNS). O Algarve regista a maior dificuldade de acesso (6,0, usando a mesma escala), com uma queda de 25% na perceção do acompanhamento em saúde face a 2021.
Os dados do estudo “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio” revelam que existe uma correlação entre finanças e saúde. 33% dos Portugueses dizem ter sentido um impacto negativo na sua saúde, no último ano, provocado por problemas financeiros. Entre os inquiridos que afirmam rendimento abaixo das necessidades do agregado familiar, 46% enfrentaram problemas de saúde mental nos últimos dois anos, o que demonstra o impacto das dificuldades financeiras no bem-estar psicológico.
Literacia dinamizada pela digitalização, mas esforço pró-saúde ainda aquém do necessário. A literacia em saúde é um dos indicadores que regista uma maior evolução positiva, com a pontuação média a aumentar de 6,3 para 6,8 (numa escala de 1 a 10) desde 2021. A crescente utilização da internet como fonte de informação sobre saúde é um dos fatores que explicam esta evolução.
Em termos de “Potência Saúde” – o indicador exclusivo deste estudo que avalia o esforço individual e pró-ativo na promoção da saúde e bem-estar – os resultados revelam um enorme potencial de melhoria. 48% dos inquiridos ambicionam melhorar a sua condição de saúde, no entanto, apenas 20% da população demonstra uma “Potência Saúde” elevada (igual ou maior do que 7).
O estudo “A Saúde dos Portugueses: Um BI em Nome Próprio”, do Projeto Saúdes, registou uma amostra de 1056 pessoas e conta com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos, entre vários outros parceiros ligados ao setor da Saúde.