O último relatório de monitorização da ERS, relativo ao mês de julho, debruça-se sobre o impacto da pandemia de covid-19 no sistema de saúde, abrangendo o período de março a junho deste ano.
“O difícil enquadramento gerado pela situação de pandemia teve resultado imediato no sistema de saúde, sendo visível a queda acentuada da atividade programada e não programada na rede de estabelecimentos do SNS, sobretudo em virtude das alterações aplicadas à organização e prestação de cuidados de saúde, de modo a prepará-lo para responder à pressão a que poderia vir a ser sujeito, em função da evolução da pandemia”, refere o relatório.
As consultas médicas hospitalares realizadas presencialmente caíram 31% em maio, 35% em abril e 16% em março. Entre estas, diminuiu também a percentagem de primeiras consultas (-9% em abril). Em contrapartida, aumentaram significativamente o volume de consultas por telemedicina, tendo atingido os 52%, também em abril.
A atividade cirúrgica na rede hospitalar do SNS registou também uma redução significativa a partir de março, com o volume de cirurgias programadas em abril e maio a ficar, respetivamente, 78% e 57% abaixo dos períodos homólogos de 2019. Embora com menor impacto, também as cirurgias urgentes registaram uma diminuição de 23% em abril face ao mesmo mês do ano passado.
Nas entidades setor privado, cooperativo e social, a ERS estima uma redução de cerca de 40% das cirurgias.
Os internamentos médicos e cirúrgicos de doentes agudos no SNS registou quedas na ordem dos 15%, 38% e 32%, em março, abril e maio, respetivamente.
O número de episódios de urgência hospitalar foi 37%, 52% e 45% inferior nos meses de março a maio, por comparação com os períodos homólogos em 2019.
Também nos cuidados primários se verificou uma descida muito significativa da atividade assistencial, desde o início da pandemia. O número de consultas médicas presenciais, que tivera já pequenas reduções nos primeiros meses do ano, diminuiu 33%, 73% e 66% nos meses de março, abril e maio, respetivamente.
Nos mesmos meses, também o número de consultas de enfermagem presenciais, que tivera ligeiros aumentos em janeiro e fevereiro, foi substancialmente inferior nos meses de março, abril e maio, face aos períodos homólogos do ano anterior.
Também o volume de consultas médicas ao domicílio sofreu uma redução abrupta, que atingiu os 70% e os 63%, respetivamente, em abril e maio.
Em contrapartida, tal como nos hospitais, também nos cuidados primários houve um grande aumento face a 2019, em todo o período em análise, do número de consultas – médicas e de enfermagem – não presenciais, que chegou a mais do que duplicar em abril.
Neste contexto, a ERS realça também o aumento muito relevante do número de unidades de telemedicina, o que, em termos globais, faz com que não tenha havido uma grande variação no número total de estabelecimentos registados no Sistema de Registo de Estabelecimentos Regulados da ERS (SRER) no período em análise.
Ainda assim, o número de prestadores de cuidados de saúde dos setores privado, cooperativo e social em Portugal continental com registo ativo na ERS caiu cerca de 7% no mês de março.
Nos meses seguintes verificou-se uma ligeira recuperação, exceto nas unidades de medicina dentária e nas unidades sem internamento.
A ERS destaca, entanto, o aumento, em contraciclo, do número de unidades prestadoras de meios complementares de diagnóstico (MCD) no âmbito das análises clínicas, em que se verificou o registo de 4 novos laboratórios e de 78 postos de colheita.