O evento contou com a participação do bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, que foi o conferencista convidado para a Conferência de Abertura, sobre a “Inovação Sustentável na Saúde: Caminhos para o Futuro”.
O representante dos farmacêuticos referiu-se, de forma particular, à inovação terapêutica, lembrando os avanços científicos e tecnológicos nesta área.
«Nunca a ciência avançou tanto em tão pouco tempo, proporcionando-nos novos medicamentos de forma tão rápida, trazendo-nos novas abordagens terapêuticas, como a medicina de precisão, a terapia génica e a imunoterapia», destacou o bastonário.
Helder Mota Filipe considera que Portugal se deve posicionar como «um país aberto e criar as condições necessárias ao seu desenvolvimento e acesso sustentável a novas terapêuticas». Neste contexto, apontou algumas «vantagens competitivas significativas, como uma comunidade científica reconhecida globalmente, um Serviço Nacional de Saúde (SNS) robusto e uma localização estratégica na Europa.
Apesar do crescimento do número de ensaios clínicos realizados no país ao longo dos últimos anos, Portugal apresenta ainda um número inferior de ensaios clínicos quando comparado com outros países europeus de dimensão semelhante, como a Bélgica, os Países Baixos e a Espanha, com populações comparáveis, registam um número significativamente maior de ensaios clínicos.
«É crítico aumentar a competitividade de Portugal na área dos ensaios clínicos. Cada ensaio clínico realizado em Portugal traz benefícios múltiplos: acesso precoce a novas terapêuticas, transferência de conhecimento para os profissionais de saúde, e um impacto económico significativo», defendeu.
O dirigente da OF referiu-se ainda aos elevados custos da inovação terapêutica, sugerindo a criação de «mecanismos transparentes e eficientes de avaliação do valor da inovação, que considerem não apenas o custo direto, mas também os benefícios em termos de saúde pública e de produtividade».
Por outro lado, referiu anda, a utilização de medicamentos genéricos e biossimilares «permite libertar recursos que contribuem para o financiamento de mais cuidados e novas tecnologias de saúde».
Para o bastonário, «a sustentabilidade do SNS depende também da sua capacidade de inovar na prestação de cuidados, assegurando que o foco está sempre no doente e na utilização racional de recursos».
Helder Mota Filipe apontou a Inteligência artificial como «uma das mais promissoras áreas de inovação» e lembrou a evolução recente na área dos dispositivos médicos, dando como exemplo os novos sensores inteligentes ou os dispositivos de monitorização portátil, que «estão a redefinir o nosso conceito de saúde, principalmente na prevenção da doença».
O júri do “Prémio Inovação em Saúde – Todos pela Sustentabilidade” distinguiu quatro projetos vencedores e as três menções honrosas nas respetivas categorias.
Na categoria sustentabilidade ambiental, o projeto vencedor foi o “HidroQapa”, desenvolvido em parceria com o Departamento de Engenharia Química do Instituto Superior Técnico. Nesta categoria foi também distinguido, com uma menção honrosa, o projeto ROSE, do Centro Hospitalar e Universitário de Santo António, Unidade Local de Saúde de Santo António.
Na categoria de sustentabilidade económica foi distinguido como vencedor o projeto Impacto Financeiro dos Ensaios Clínicos no Acesso às Terapêuticas Inovadoras, do Instituto Português de Oncologia do Porto.
Na área da sustentabilidade ambiental, o vencedor foi o projeto LUZIA, da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, tendo sido também atribuída uma menção honrosa ao projeto Tríade Sustentável, do Instituto Português de Oncologia do Porto.
Na categoria sustentabilidade na transformação digital, a vencedora foi a Plataforma de Acompanhamento e Monitorização do Percurso Integrado do Doente com Cancro Colorretal e Cancro de Mama, da Unidade Local de Saúde de São José. Foi ainda atribuída uma menção honrosa ao projeto OncoSleep, da Universidade de Coimbra.
No âmbito do Prémio, foi ainda criado o Barómetro de Inovação Clínica, com o objetivo de apresentar a perspetiva dos Centros de Investigação Clínica sobre a inovação nas suas instituições, através da consolidação e apresentação de dados relevantes, que contribuam para o desenvolvimento de estratégias promotoras da inovação clínica no nosso país.