Distribuição Farmacêutica pode ser nova especialidade – Notícias


O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) revelou ontem, na abertura do II Congresso da Associação de Distribuidores Farmacêuticos (Adifa), que a Distribuição Farmacêutica pode ser a próxima área de especialização dos farmacêuticos, devido às especificidades e exigências regulamentares associadas a esta área de atividade, mas também ao serviço público que garante o acesso atempado e ininterrupto aos medicamentos por todos os portugueses.

O II Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica, organizado
pela Adifa, decorreu no Lagoas Park, em Oeiras, e juntou várias dezenas de
entidades e profissionais que trabalham no setor da distribuição. O evento registou a presença do ministro da Saúde, Manuel Pizarro,
do presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, e do presidente da Adifa, Nuno
Flora, entre vários outros especialistas e representantes de organizações ligadas
ao setor.

Na abertura do evento, o bastonário da OF destacou o “serviço
público” prestado pelos diferentes operadores, que tem permitido “aliviar a capacidade
de armazenamento e a gestão de stocks nas farmácias, sem comprometer a resposta
atempada a todos, garantindo várias entregas diárias às farmácias e, assim, aos
portugueses”.

Helder Mota Filipe destacou também o papel da distribuição
para “minimizar o efeito de falhas de abastecimento e ruturas de medicamentos,
de causas diversas”. Neste contexto, reiterou a necessidade de discutir a “criação
e manutenção da reserva estratégica de medicamentos”, que, na sua opinião, “não
pode dispensar a participação dos distribuidores farmacêuticos”.

“A grande maioria dos medicamentos que importa incluir nessa
reserva são utilizados todos os dias, pelo que não faz sentido provisionar
quantidades enormes que ficam fechadas em armazéns à espera de perder o prazo
de validade”, explicou.

Tal como o fizeram o presidente da Adifa e o ministro da Saúde,
a intervenção de abertura do bastonário debruçou-se também sobre o conjunto de
novos serviços farmacêuticos em vigor e em implementação num regime de complementaridade
e colaboração com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Deu assim como exemplo a campanha de vacinação sazonal contra
a gripe e a covid-19, que integra este ano, pela primeira vez, as farmácias e o contributo dos farmacêuticos comunitários para o aumento da cobertura vacinal. Mencionou
também os novos serviços de renovação da terapêutica a doentes crónicos e a
regulamentação do serviço de dispensa de medicamentos hospitalares em
proximidade.

“Olhamos com esperança para o ano de 2024, não só com a
consolidação destes serviços, mas também com o lançamento dos serviços
farmacêuticos para situações clínicas ligeiras, de acordo com os protocolos a
estabelecer entre as Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos”, disse o bastonário, a propósito da proposta de Orçamento de Estado para 2024, conhecida na véspera.

Helder Mota Filipe lembrou que o número de
farmacêuticos a exercer nesta área da distribuição tem vindo a aumentar significativamente, “constituindo
hoje a quarta maior área profissional”. Estes profissionais assumem funções de “cada
vez maior complexidade e responsabilidade, na direção técnica, na gestão da qualidade,
na área regulamentar, nas operações e em diversas outras áreas e departamentos
das empresas de distribuição.

“A legislação europeia exige também que os profissionais demonstrem
competência e experiência, assim como o domínio das boas práticas da
distribuição, reconhecendo a formação em Ciências Farmacêuticas como
preferencial”, disse ainda o bastonário.

O representante dos farmacêuticos revelou também o trabalho
em curso com o Grupo Profissional de Distribuição Farmacêutica (GPDF-OF) para qualificação
e diferenciação dos farmacêuticos que exercem nesta área. “No circuito do
medicamento, esta é a única área que não tem um Colégio de Especialidade”,
sublinhou o bastonário.

“Estou certo de que a diferenciação formal em distribuição
farmacêutica, através da especialidade, será uma mais-valia, reconhecida
nacional e internacionalmente, como já hoje acontece com outras especialidades
farmacêuticas”, defendeu.

O II Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica ocorreu
dias depois de uma reunião interna convocada pela Direção Nacional da OF, com representantes
dos órgãos sociais, colégios de especialidade e conselhos consultivos para debater
o desenvolvimento profissional na área da Distribuição Farmacêutica.

O encontro realizado no dia 3 de outubro, em Carcavelos,
possibilitou o debate e partilha de informação sobre a relevância e
diferenciação dos farmacêuticos que exercem nesta área profissional.

A reunião teve como ponto central a apresentação dos
resultados do inquérito realizado pelo GPDF-OF aos profissionais que exercem em
empresas ligadas ao setor. A coordenadora do grupo profissional, Laura Ribeiro,
fez uma caraterização geral e resenha sobre as atividades dos farmacêuticos da
distribuição, lembrando a sua atuação nas áreas dos medicamentos de uso humano,
veterinário, dispositivos médicos e também na alimentação e suplementos
alimentares, cada um dos quais com as suas especificidades e regulamentação.

Os resultados do inquérito realizado pelo GPDF-OF revelam um
elevado interesse (74%) dos farmacêuticos da distribuição na obtenção da
especialidade e na diferenciação profissional que uma especialização atribuída
pela OF pode conferir.

O grupo profissional apresentou algumas propostas de
trabalho para iniciar uma eventual implementação da especialidade, como os
critérios de elegibilidade e áreas funcionais em avaliação, em linha com a
atribuição de outras especialidades farmacêuticas.

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