A Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos (OF) foi ontem recebida pelo presidente do Partido Social Democrata, Rui Rio, que dedicou a presente semana ao setor da Saúde, visitando instituições e reunindo com dirigentes e representantes da área. O financiamento e sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a qualidade e a cobertura geográfica da rede de cuidados de saúde, a investigação clínica e o acesso à inovação terapêutica foram alguns dos temas em análise no encontro.
A bastonária Ana Paula Martins entregou ao líder
social-democrata um conjunto de documentos com algumas preocupações da OF para
área da Saúde e sobre o setor farmacêutico.
A representante dos farmacêuticos insistiu no problema de
subfinanciamento crónico do SNS, que coloca o país abaixo da média da União
Europeia em termos de percentagem do PIB afeta à Saúde. A bastonária defende,
por isso, a aprovação de orçamentos plurianuais para o setor, dissociados de
ciclos e eleitorais e disputas partidárias, num esforço que exige um
compromisso a longo prazo entre decisores e agentes em prol da sustentabilidade
do sistema de saúde português.
No plano político, a bastonária reiterou também a
relevância da discussão sobre a Lei de Bases da Saúde e alguns dos seus
principais pilares, como a complementaridade entre os setores público, privado
e social é apenas um dos exemplos.
No plano económico, Ana Paula Martins destacou o peso das
exportações na área da Saúde para a balança comercial portuguesa, lembrando que
os medicamentos, dispositivos médicos e outras tecnologias de saúde produzidas
no nosso país superam exportações do Vinho do Porto. A bastonária entende que
os Ministérios das Finanças e da Economia devem atribuir a devida importância
ao setor também em termos económicos, dando condições para a sustentabilidade,
crescimento e desenvolvimento dos agentes e operadores do setor.
Neste domínio, sugeriu a introdução de novos impulsos à
investigação clínica no nosso país, voltando o tema na agenda política e
impulsionando ganhos de competitividade com restantes países europeus,
nomeadamente na área dos ensaios clínicos.
Os responsáveis da OF e PSD partilharam também
preocupações com o acesso das populações das regiões do interior a cuidados de
saúde de proximidade. A bastonária referiu-se às dificuldades das unidades de
saúde do interior em fixar profissionais, enaltecendo exemplos de serviços
prestados às populações mais isoladas, como é o caso da entrega de medicamentos
ao domicílio em aldeias.
Ana Paula Martins advertiu também que o País tem de estar
preparado para acolher a inovações terapêutica que se avizinha, mais
dispendiosa, que requer um esforço financeiro suplementar, mas que uma política
de incentivo aos genéricos poderia minimizar, canalizando as poupanças para o
financiamento e comparticipação de novos fármacos com valor terapêutico
acrescentado.
O líder do PSD esteve acompanhado na reunião com os
dirigentes da OF pelo ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, que coordena a
área da Saúde do Conselho Estratégico Nacional do partido.
Rui Rio defendeu uma atuação de proximidade das farmácias,
em especial no interior e nas regiões onde hoje “é difícil fixar
profissionais”. As farmácias podem “levar medicamentos e ajudar na terapêutica”
junto da população mais envelhecida, sustenta o presidente do PSD que recebeu
esta quinta-feira a Ordem dos Farmacêuticos, na sede nacional.
O líder do maior partido da oposição critica a falta de
ambição do Ministério da Saúde no crescimento do mercado de medicamentos
genéricos em Portugal, com uma quota atual na ordem dos 48%, “herdada” dos
governos do PSD, mas deveria, segundo o líder social-democrata, ser elevada
para os 60%, poupando na despesa das famílias e do SNS
Rui Rio considera também que há margem para melhorar a
qualidade dos serviços de saúde prestados aos utentes. “Há muito desperdício na
área da Saúde. Temos de encontrar modelos adequados, mas temos a consciência de
que há muita despesa que não deveria ser feita, se fossem otimizados os
recursos”, sublinhou.
Fonte da imagem: PSD