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Contra os descontos e novas reduções do preço dos medicamentos – Notícias


A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Ana Paula Martins, reiterou hoje, durante a sessão de abertura do 13.º Congresso das Farmácias, que decorre até amanhã, no Centro de Congressos de Lisboa, a forte oposição da instituição aos descontos praticados em algumas farmácias sobre o preço dos medicamentos prescritos pelos médicos e comparticipados pelo Estado. Ana Paula Martins considera também que não há mais margem para novas reduções administrativas do preço dos medicamentos.

A dirigente da OF apelou a uma aprovação célere de
regulamentação que impeça a prática destes descontos nas farmácias, considerando
tratar-se de uma matéria da responsabilidade do Ministério da Saúde, e não da
Autoridade da Concorrência ou do Ministério da Economia.

“Temos muitas e sérias dúvidas sobre o verdadeiro impacto
desta prática no orçamento que os portugueses dedicam à saúde. E perguntamos
onde são feitos estes descontos tão benévolos? E a quem? No interior? Nos mais
pobres e vulneráveis?”, questiona a bastonária que lamenta também a publicidade
a esta prática, “que nos afasta da imagem de um espaço de saúde e nos
transforma numa mera superfície comercial”.

Em março do corrente ano, a Assembleia Geral da OF aprovou,
por unanimidade, uma resolução
da Direção Nacional
relativa à prática de descontos sobre o preço
dos medicamentos. A bastonária assegurou agora que “não hesitaremos em
continuar este combate, separando o trigo do joio e permitindo que a
integridade dos farmacêuticos seja preservada”.

A responsável da OF lembrou
também os indicadores de confiança e satisfação dos portugueses com os serviços
prestados nas farmácias, recordando as visitas e contactos com colegas e
utentes no âmbito do projeto Roteiros Farmacêuticos, que nos últimos três anos
levaram os dirigentes da OF a uma centena de locais onde os farmacêuticos
exercem a sua atividade, de norte a sul do País, no litoral e interior, no
continente e nas ilhas.

Ana Paula Martins referiu-se
ainda ao processo legislativo de revisão da Lei de Bases da Saúde, considerando
que “não incluir as farmácias como parte integrante do Serviço Nacional de Saúde
(SNS) seria não reconhecer o País real e os 40 anos de história onde estivemos
sempre presentes”.

Para a bastonária, “só podemos
celebrar os 40 anos do SNS pensando em novos modelos de financiamento, de
prestação de cuidados, com uma regulação forte, uma gestão participada e com
autonomia”, defendeu. No entanto, “não só de financiamento adicional vive o SNS”
acrescentou.

Ana Paula Martins preconiza um
modelo de financiamento plurianual, “que contemple investimentos programados no
tempo, fazendo assim face às necessidades e evitando a exaustão que
desorganiza, cria tensão social e dificulta o cumprimento da missão
constitucional do SNS”.

No final da sua intervenção, a
bastonária recordou a professora e investigadora Odette Ferreira, e muito
particularmente o Programa de Troca de Seringas nas farmácias, da sua autoria,
que ainda hoje constituiu um exemplo internacional do contributo dos
farmacêuticos comunitários para a Saúde Pública.

A sessão de abertura do 13.º Congresso Nacional das
Farmácias contou ainda com as presenças do presidente da Associação Nacional
das Farmácias, Paulo Cleto Duarte, do presidente do Grupo Farmacêutico da União
Europeia, Jesús Aguilar Santamaria, e da presidente do Infarmed, Maria do Céu
Machado, em representação da ministra da Saúde.

Clique para ler o discurso da bastonária da OF na sessão de abertura do 13.º Congresso das Farmácias

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