O consórcio europeu Simpathy – Stimulating Innovation Management of Polypharmacy and Adherence in the Elderly – apresentou no dia 4 de dezembro, no Auditório do Infarmed, em Lisboa, o documento “Polypharmacy Management by 2030: a patient safety challenge”, em que são sintetizados os resultados de dois anos de investigação sobre programas de gestão da polimedicação para idosos.
Este projeto, liderado pelo Governo escocês e financiado pela
União Europeia, através do 3º Programa Europeu de Saúde, reuniu uma equipa multidisciplinar de oito países e dez instituições, e cuja equipa portuguesa foi constituída por cinco
docentes da Universidade de Coimbra (Faculdades de Medicina e de Farmácia) e um
da Universidade de Lisboa (Faculdade de Farmácia), com o objetivo de
identificar e sensibilizar os decisores para a implementação de políticas
nacionais, regionais ou locais de gestão da polimedicação.
Neste contexto, foi elaborado um
roteiro para que todos os cidadãos europeus possam beneficiar deste tipo de
programas até 2030, lançando-se um apelo para que os
países possam trabalhar em conjunto na gestão e prevenção da polimedicação
inapropriada e na promoção da adesão à terapêutica, através de uma intervenção
coordenada e colaborativa entre profissionais de saúde.
A sessão de apresentação de
resultados reuniu, para além da coordenadora do
Simpathy Alpana Mair, os vários
investigadores portugueses que participaram
neste trabalho e incluiu também um painel de discussão interdisciplinar, que
visou identificar barreiras e soluções que abram caminho à elaboração de
programas de gestão da polimedicação em Portugal, tirando partido da
experiência criada por este projeto europeu. A sessão contou com a participação
da bastonária da Ordem dos Farmacêuticos e de representantes da Ordem dos
Médicos, Infarmed, Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e
Saudável e do Consórcio Simpathy.
Estes parceiros reconheceram que
a formação universitária, tanto pré- como pós-graduada, não prepara médicos e
farmacêuticos para a interdisciplinaridade. No entanto, reconheceram na educação um alicerce importante para o bom
funcionamento de futuras equipas multidisciplinares que atuem na área da
polimedicação.
De acordo com estes
especialistas, os decisores políticos e autoridades nacionais de saúde devem
analisar os dados existentes sobre os problemas associados à polimedicação e
desenvolver normas de orientação clínica que uniformizem a intervenção dos
profissionais de saúde juntos destes doentes.
Uma
das propostas abordadas neste painel diz respeito à criação da figura do
“gestor do doente”, que poderá ser o próprio médico de família, atuando em
colaboração com o farmacêutico na revisão da
medicação.