Os representantes dos farmacêuticos, médicos e enfermeiros referem que continuam a receber “milhares de relatos de situações muito difíceis que os nossos profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a proteção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes”.
“A falta de equipamentos de proteção individual está a contribuir para que entre o número de infetados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com caso positivo, estejam muitos profissionais de saúde”.
A carta apresenta duas preocupações concretas: “não dispormos, quando atingirmos o pico da pandemia, nos nossos hospitais e centros de saúde de um número profissionais de saúde suficiente, em virtude de terem adoecido” e “as orientações existentes para testagem de profissionais de saúde com exposição a SARS-CoV-2”.
Recorda-se, em particular, a situação que os colegas espanhóis enfrentam, com “5400 profissionais de saúde com Covid-19, por os stocks de equipamentos de proteção individual não terem sido suficientes”. Este número representa 12% do total de infeções em Espanha, uma percentagem superior a Itália (8%) e China (4%).
Por outro lado, os bastonários consideram “conservadora” a Orientação da Direção-Geral da Saúde para a realização de exames laboratoriais para deteção do novo coronavírus em profissionais de saúde e cidadãos, realçando que está em “sentido contrário ao que se tem feito em países que têm publicado alguns artigos com os bons resultados no controlo do surto através desta metodologia, como Islândia, Alemanha, algumas zonas de Itália ou Coreia do Sul”.
O facto de a infeção poder ser assintomática em muitos dos cidadãos “reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos”, acrescentam os representantes dos profissionais de saúde, que apelam à intervenção do primeiro-ministro.
“Continuaremos a dar todo o apoio e colaboração à Autoridade Nacional de Saúde e ao Governo, como tem acontecido desde a primeira hora. E, acima de tudo, continuaremos empenhados em servir Portugal, tratando e salvando a vida dos portugueses, garantindo o capital humano necessário para que possamos desempenhar a nossa missão com os melhores resultados possíveis”, conclui a carta.
Lei a Carta Aberta dos três bastonários ao primeiro-ministro.