Os farmacêuticos do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto apresentaram ao Conselho de Administração pedidos de escusa de responsabilidades por considerarem que não estão garantidas as condições de segurança para a prestação de cuidados farmacêuticos. Juntando aos pedidos também apresentados nas últimas semanas pelos farmacêuticos do Centro Hospitalar Universitário do Porto, são quase meia centena de farmacêuticos hospitalares que denunciam a falta de condições materiais, logísticas e de recursos humanos nos seus serviços.
A Ordem dos Farmacêuticos (OF) tem vindo a receber várias
declarações de farmacêuticos hospitalares do CHUP e do IPO do Porto com pedidos
de escusa de responsabilidade disciplinar, civil e criminal que lhes possam ser
imputadas como resultado de algum acidente ou incidente lesivo do direito à
proteção da saúde dos cidadãos.
Estes farmacêuticos consideram que as condições de trabalho
disponibilizadas são insuficientes e inadequadas, em matéria de recursos
humanos, logísticos e materiais.
O bastonário da OF manifestou solidariedade com os colegas,
referindo compreender as razões evocadas. Helder Mota Filipe mostra-se,
contudo, preocupado com eventuais novos pedidos que possam surgir de
profissionais de outras unidades hospitalares.
“Vejo esta situação com muita preocupação, como sintoma de
uma situação grave. É a primeira vez na história da OF que temos farmacêuticos
a utilizarem este instrumento”, sublinhou o bastonário. que apenas é utilizado,
como se compreende, em último caso”, afirmou à Lusa Helder Mota Filipe.
Para o bastonário, os farmacêuticos estão a dar “um grito de
alerta”, a pedir a “rápida intervenção” da tutela, sob pena de outros colegas
seguirem o exemplo.
“A grande preocupação é que temos profissionais sem
condições para trabalhar, desmotivados e temos doentes que precisam de ter os
cuidados farmacêuticos com a maior segurança e qualidade possível”, realça o
dirigente da OF.
O bastonário recordou também a difícil situação que os serviços
farmacêuticos hospitalares enfrentam na contratação de novos recursos, a
precaridade e caducidade de muitos contratos estabelecidos no âmbito da
pandemia de COVID-19 e as dificuldades esperadas pelas autoridades para este
verão, com falta de profissionais e picos de afluência extraordinários.