Bastonário quer aproveitar novo ciclo político – Notícias


O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) espera que o ciclo político que agora se inicia com uma nova equipa ministerial e uma direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) permita o desenvolvimento e implementação de serviços farmacêuticos de valor acrescentado para os doentes e para o sistema de saúde. Intervindo na sessão solene comemorativa do Dia Nacional do Farmacêutico, o representante dos farmacêuticos portugueses destaca dois requisitos fundamentais: acesso à informação clínica e comunicação com restantes profissionais e outras entidades prestadoras.

“Tenho razões para poder afirmar publicamente que dificilmente se conseguiria ter uma equipa mais preparada para enfrentar os desafios que se colocam ao SNS. Assim estejam reunidas as condições políticas e financeiras”, disse o bastonário em alusão aos novos dirigentes do Ministério da Saúde.

Para o bastonário, “os sistemas de saúde têm de recuperar urgentemente da pandemia não-COVID, dos impactos negativos que resultaram da diminuição significativa de cuidados em praticamente todas as áreas não relacionadas com a infeção por SARS-CoV-2”.

Helder Mota Filipe considera que “o futuro próximo não se afigura risonho do ponto de vista económico, social e político”. Como representante da profissão, sublinha que “os farmacêuticos estão disponíveis para desenvolver serviços farmacêuticos que permitam   melhorar os cuidados prestados à população, retirando ainda pressão sobre o SNS”.

Contudo, o desenvolvimento desses serviços apenas pode acontecer “se estiverem reunidas as condições para sua prestação com qualidade e segurança, além do adequado reconhecimento e enquadramento da intervenção farmacêutica”.

No domínio do acesso aos dados clínicos, o bastonário recordou o trabalho de colaboração com o SPMS para desenvolvimento de um perfil farmacêutico no acesso às plataformas de dados em saúde.

Helder Mota Filipe recordou ainda que foram desenvolvidos serviços fundamentais prestados por farmacêuticos durante pandemia, como o acesso a medicamentos hospitalares dispensados em proximidade, a renovação da terapêutica em doentes crónicos ou a testagem contra a COVID-19, que responderam às necessidades com clara satisfação por parte dos doentes.

“Nenhuma destas soluções poderá ser atendida se não forem alteradas as condições para a sua prática de forma sustentada. A Ordem nunca concordará com soluções que não respeitem as melhores práticas, pondo em causa a qualidade e segurança desses serviços”, insiste o bastonário, lamentando que o país não esteja na dianteira relativamente à prestação de serviços farmacêuticos. “Os países mais desenvolvidos da Europa estão a ganhar distância no que respeita ao desenvolvimento e reconhecimento da mais-valia das intervenções farmacêuticas como um dos pilares da sustentabilidade dos sistemas de saúde”.

O bastonário deu como exemplo a forma “incompreensível” com foi gerido pelas entidades oficiais o envolvimento dos farmacêuticos durante os dois anos de pandemia. “Em diversas situações, a decisão final, e afirmada de forma proativa, foi não contar com a capacidade farmacêutica instalada até ao limite do possível, até à altura em que foi solicitada a colaboração dos farmacêuticos, nomeadamente dos comunitárias e analistas clínicos, mas também os hospitalares e de distribuição, de forma urgente e não programada. Também a este nível devemos aprender com a pandemia”, considera o bastonário.

O bastonário agradeceu a disponibilidade “quase sobre-humana” de todos os farmacêuticos, que permitiu “continuar a assegurar aos nossos cidadãos os cuidados farmacêuticos necessários”.


Nota ainda para Carreira Farmacêutica no SNS, “que encerra ainda um conjunto de imperfeições geradora de injustiças para alguns colegas, ao mesmo tempo que não protege os interesse do SNS”, considera o bastonário, que espera a atenção nova equipa ministerial para este tema, continuando as negociações em curso com os seus antecessores.

Helder Mota Filipe lembrou a realização da primeira prova de ingresso na Residência Farmacêutica já nos próximos dias, desejando boa sorte a todos os candidatos e agradecendo empenho da Administração Central do Sistema de Saúde neste processo.

A terminar, o bastonário chamou a atenção para o desinvestimento nas farmácias hospitalares, desde materiais, equipamentos, recursos humanos, sublinhando o papel dos seus profissionais na avaliação da efetividade e custo associado à inovação terapêutica.

“O desinvestimento na Farmácia Hospitalar é um ataque direto à eficiência hospitalar e à segurança dos cuidados prestados”, considera o bastonário.

Saiba mais sobre o Dia Nacional do Farmacêutico 2022.

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