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Bastonária explicou preocupações dos farmacêuticos durante a pandemia – Notícias


A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF) esteve ontem no Parlamento, para uma audição na Comissão Eventual para acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença COVID-19 e do processo de recuperação económica e social. A campanha de vacinação em curso, os recursos humanos farmacêuticos no Serviços Nacional de Saúde (SNS) e a entrega de medicamentos em proximidade foram os principais temas debatidos com os deputados dos diferentes grupos parlamentares.

A Comissão Eventual promoveu audições aos bastonários das
Ordens dos Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos e Psicólogos, para registar as
preocupações dos representantes dos profissionais de saúde sobre a evolução e
combate à pandemia de COVID-19.

 A bastonária da OF, Ana Paula Martins, começou por
manifestar, na sua intervenção inicial, o apoio às medidas propostas pela Ordem
dos Médicos (OM) e por vários peritos na área da Saúde Pública para conter a
transmissão a doença na atual fase pandémica.

 Referiu-se em especial aos profissionais de saúde e à
“enorme necessidade de ter uma política para as profissões no âmbito do do
SNS”, que considera mais evidente durante a pandemia que o País enfrenta. “Na
área farmacêutica precisamos entre 200 a 250 farmacêuticos nos hospitais”,
advogou a bastonária, lembrando a diferenciação e importância das suas funções
e responsabilidades, mediatizadas nas últimas semanas na preparação,
manipulação e reconstituição da vacina contra a COVID-19. Estes profissionais
de saúde têm agora uma carreira especial no SNS, desde 2017, mas não têm ainda
plenamente concretizada a Residência Farmacêutica, que permite o ingresso de
novos farmacêuticos, a sua especialização e a renovação geracional.

 “A pandemia é um momento excecional, mas é evidente que não
estávamos suficientemente preparados para a resposta que tínhamos de dar.
Também não estamos preparados para fazer a articulação necessária com setor
privado e social, concretamente na área dos cuidados continuados, nos lares,
onde a pandemia pôs a nu as enormes dificuldades. É alo que nos tem de
preocupar, como cidadãos. É algo que tem de preocupar os nossos agentes
políticos”, defendeu.

 Ana Paula Martins forneceu exemplos de projetos
farmacêuticos desenvolvidos ao longo dos últimos meses, como resposta aos
desafios colocados pela pandemia. A “Operação Luz Verde” permitiu a entrega de
medicamentos hospitalares em regime de maior proximidade, ao domicílio ou nas
farmácias comunitárias escolhidas pelos utentes. A bastonária lembrou alguns
indicadores sobre esta iniciativa impulsionada pela OF e OM – 22 hospitais
envolvidos, 2.754 farmácias e 274 autarquias. O projeto poupou 112 kms por mês
a cada doente, gerou uma poupança de 185 milhões de euros para o erário público
e para os utentes e um grau de satisfação de 94%.

 Neste contexto, a bastonária lamentou que o relatório
produzido pelo Grupo de Trabalho constituído pelo Ministério da Saúde não se
tenha debruçado sobre estes indicadores, tal como não o fez em relação ao
projeto TARV II, o que, em sua opinião, torna impossível fundamentar as
decisões do Executivo sobre o tema.

 Para a bastonária, a rede de farmácias e farmacêuticos
comunitários distribuídos pelo País deve ser mais aproveitada, dando ainda como
exemplo o trabalho em curso com a OM para protocolar a renovação da terapêutica
a doentes crónicos por farmacêuticos comunitários, tal como aconteceu durante o
primeiro período de confinamento, em março e abril, em que as farmácias
suportaram cerca de 60 milhões de euros em créditos relacionados com a
comparticipação da medicação dispensada a estes doentes.

 No âmbito da vacinação contra COVID-19, Ana Paula Martins
revelou que a OF vai iniciar o recenseamento para vacinação dos farmacêuticos
que trabalham no setor privado. O processo vai decorrer em articulação com a task
force
nomeada pelo Governo, mas não existe ainda uma data concreta para vacinação
destes profissionais, adiantou a bastonária, revelando ainda que muitos
farmacêuticos que trabalham nos hospitais não sabem quando vão ser vacinados,
ao contrário de outros profissionais que “não estão na linha da frente ou que
estão em teletrabalho”, denunciou a bastonária.

 Ana Paula Martins defendeu a inclusão de todos os cidadãos
com mais de 80 anos nos grupos prioritários para vacinação contra a COVID-19,
em sintonia com objetivo traçado pela Comissão Europeia de vacinar 80% dos
cidadãos acima dos 80 anos até ao mês de março.

 Sobre o envolvimento das farmácias na campanha de vacinação,
a bastonária reiterou a disponibilidade dos profissionais que representa, “se o
Ministério da Saúde tomar essa decisão, em complementaridade, não se
substituindo, de maneira nenhuma, aos enfermeiros e aos médicos”.

 “Vacinar oito milhões de portugueses é, no tempo que
temos para atingir a imunidade de grupo, uma tarefa muito exigente e que vai
precisar de todos. Até diria que vai precisar de centros de vacinação. Todos os
esforços que pudermos juntar serão importantes e é neste contexto que as
farmácias aparecem”, afirmou Ana Paula Martins.

 Em sua opinião, as farmácias têm capacidade para
administração de cerca de 1 milhão de doses num espaço temporal semelhante ao
período de vacinação contra a gripe. Este ano, as farmácias vacinaram 600 mil
portugueses, em 268 concelhos, revelou, manifestando absoluta discordância
sobre as responsabilidades imputadas às farmácias pelos insucessos da vacinação
contra a gripe, justificados com o aumento das encomendas do SNS e consequente
escassez nas farmácias e uma campanha de comunicação que incentivou a procura
para uma oferta inexistente.

A comunicação foi outro aspeto sublinhado pela bastonária no
âmbito do Plano de Vacinação contra a COVID-19, reforçando a importância das
expectativas que se criam nos cidadãos sobre a disponibilidade e celeridade no
processo.

A representante dos farmacêuticos abordou ainda falhas na monitorização das vacinas que vão
sendo administradas, sublinhando que as reações adversas não ocorrem em função
do profissional que as administra. Os farmacêuticos têm uma formação de base ao
longo de vários anos na manipulação de vacinas. Têm também uma competência
reconhecida pela OF para administração de vacinas que têm de ser renovada
periodicamente, assegurou.

 Clique para rever a audição
da Bastonária da OF na Comissão Eventual Parlamentar
.

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