A Associação Portuguesa de Analistas Clínicos (APAC) está a organizar, em Coimbra, a 22ª edição do seu Encontro Científico. Na abertura do evento, a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Ana Paula Martins, assegurou o compromisso da instituição com a defesa da atividade farmacêutica nas áreas das Análises Clínicas e de Genética Humana.
O membro do Governo, a bastonária, o presidente da APAC, Jorge Nunes de Oliveira, e a presidente do Encontro, Maria Odette Santos-Ferreira, formaram a mesa de abertura do evento.
Na intervenção inicial, Nunes de Oliveira destacou a representatividade desta associação, que integra a grande maioria dos laboratórios de proximidade existentes no País. Este responsável sublinhou também a elevada capacidade de adaptação destas unidades de saúde, quer à evolução tecnológica do setor, quer às alterações legislativas implementadas pelos sucessivos Governos.
Não obstante, disse o presidente da APAC, os operadores do setor precisam estabilidade e previsibilidade no tempo, para conseguir cumprir estratégias de intervenção e investimento.
Jorge Nunes de Oliveira criticou a atuação da Entidade Reguladora da Saúde em relação aos laboratórios, lembrando em especial a disparidade dos resultados apresentados nos diferentes estudos sobre o setor, realizados em 2008, 2013 e 2015.
A terminar, este responsável manifestou ao membro do Governo a disponibilidade dos laboratórios para colaborar com o SNS, num regime de complementaridade, por exemplo na área dos cuidados de saúde primários. E deixou também nota para o envolvimento da associação e dos profissionais desta área na regulamentação do setor, quer em relação à portaria de licenciamento, quer na elaboração do Manual de Boas Práticas. Nestes domínios, deu como exemplo a necessidade de condicionar a abertura postos de colheita à contratação de farmacêuticos especialistas em análises clínicas.
Ana Paula Martins, bastonária da OF, destacou, por sua vez, a relação de diálogo e convergência com o Ministério da Saúde em vários domínios da atividade farmacêutica. No que à área das análises diz respeito, a dirigente da OF realçou uma tradição de complementaridade entre o setor público e privado, balizada por um regime de convenções que assegurou aos portugueses, ao longo dos anos, a cobertura e proximidade geográfica às análises laboratoriais.
“Em média, todos os portugueses estão a menos de 30 minutos de distância de um laboratório de análises clínicas”, lembrou da bastonária, comparando com a cobertura geográfica proporcionada pela rede de farmácias.
Nestas unidades, acrescentou ainda a bastonária, são diariamente praticados mais de 300 mil atos diferenciados e que requerem a supervisão de profissionais altamente qualificados. Só assim é possível, responder a mais de 60 mil requisições que chegam diariamente a estas unidades.
Ana Paula Martins recordou as visitas que tem feito no âmbito do projeto “Roteiros Farmacêuticos”, a última das quais a dois laboratórios na cidade de Coimbra, durante a manhã do primeiro dia deste Encontro. E reforçou a importância destas iniciativas para perceber os desafios e oportunidades do setor.
“Em qualquer uma destas unidades são evidentes as preocupações dos colegas com a modernização, qualificação e atualização permanente, e o seu sentido cívico no combate às desigualdades no acesso aos cuidados de saúde”, referiu Ana Paula Martins.
Na opinião da bastonária, o Governo tem ao seu dispor uma rede de laboratórios de proximidade de inquestionável valor, e que demorou muitos anos a construir. Atualmente, cerca de 70% das decisões clínicas são fundamenadas em Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica, mas o orçamento da Saúde afeto a esta área ronda apenas os 3 a 4%.
“Os farmacêuticos analistas clínicos vivem momentos de instabilidade e incerteza e a discussão sobre o futuro do setor deve ser baseada na evidência. Seguramente que, desse modo, será demonstrada a relevâncias destas unidades para o sistema de saúde e os resultados custo-efetivos da sua intervenção”.
A terminar, o secretário de Estado da Saúde reiterou a estratégia da tutela de reduzir a fatura do SNS com operadores privados, respeitando, contudo, os compromissos já assumidos, mas beneficiando da capacidade instalada ao nível do SNS.
Manuel Delgado disse compreender o posicionamento da associação e também a sua importância na resposta aos doentes e mostrou-se otimista sobre o aparecimento de novas oportunidades de mercado para estes operadores.