Os farmacêuticos residentes estão desapontados com a situação atual do programa da Residência Farmacêutica no nosso país. Em Carta Aberta enviada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, expressam a sua consternação e apelam à adoção de «medidas necessárias para garantir a valorização dos farmacêuticos residentes e a sustentabilidade do SNS».
Sublinham, de forma particular, a falta de atratividade e incapacidade para retenção de profissionais farmacêuticos nas unidades do SNS.
«A existência de vagas por preencher numa primeira fase do concurso para colocações em 2025 é um sinal claro de que o programa não está a atrair os profissionais de que o SNS necessita. Adicionalmente, a abertura de um concurso excecional para ocupação de vagas, sem qualquer base legal, reforça a gravidade da situação», alertam.
Acrescentam também que «a falta de condições adequadas e a desvalorização da especialização estão a levar muitos farmacêuticos residentes a abandonar o programa formativo», alguns dos quais para o estrangeiro, para países como a Espanha ou a França, os farmacêuticos especialistas «são devidamente valorizados e remunerados».
Para os farmacêuticos residentes, «o SNS, que está a investir na formação destes profissionais, corre o risco de perder um capital humano altamente qualificado».
«É incompreensível que um farmacêutico que decide investir quatro anos da sua vida numa especialização, com o objetivo de prestar cuidados de saúde de maior qualidade à população, seja remunerado de forma inferior a um colega que opta por exercer a profissão de forma generalista», exemplificam.
Entre as exigências apresentadas pela APFT, estão o aumento urgente da remuneração da Residência Farmacêutica. «Os valores atuais são insuficientes para garantir uma vida digna aos residentes, especialmente aqueles que se encontram deslocados», consideram.
Pedem também a revisão da Carreira Farmacêutica no SNS, «de forma a valorizar a especialização e a experiência», bem como a integração da Residência Farmacêutica na Carreira Farmacêutica.
«É necessário criar um plano de carreira que incentive os farmacêuticos a permanecerem no SNS e a progredirem profissionalmente», defendem.
Recordam, por fim, que «a especialização é essencial para garantir que os farmacêuticos se mantenham atualizados e possam prestar cuidados de saúde de excelência», lamentando que o Decreto-Lei que define a formação farmacêutica pós-graduada, datado de 2020, continue por regulamentar, «sem que nenhuma medida efetiva tenha sido tomada para solucionar os vários problemas apontados».