A Ordem dos Farmacêuticos (OF) apresentou um conjunto de recomendações para a sustentabilidade ambiental das atividades de saúde e, de um modo particular, para toda a área do medicamento.
“Tratar do Ambiente com Melhor Saúde” reflete a posição da OF sobre a responsabilidade, a intervenção e o compromisso da instituição com a sustentabilidade da saúde, com a redução da pegada de carbono no setor farmacêutico e com a capacitação dos profissionais de saúde e a literacia da população para o impacto ambiental dos cuidados de saúde.
O Grupo de Trabalho Medicamento e Ambiente da OF emitiu uma declaração sobre o impacto ambiental do medicamento e das atividades em saúde, evidenciando o contributo dos farmacêuticos para gestão ambiental, para a promoção de boas práticas e de serviços farmacêuticos sustentáveis.
O documento apresentado durante o Congresso Nacional dos Farmacêuticos 2024 realça as responsabilidades dos farmacêuticos na mitigação de impactos decorrentes das atividades em saúde e, em particular, pelo uso de medicamentos.
«Ao habitual binómio farmacêutico de benefício/risco de cada medicamento soma-se assim uma nova dimensão de riscos associados ao respetivo impacto ambiental, quer antes quer depois da sua administração», defendem os autores da declaração.
Entre os principais desafios identificados pelos farmacêuticos para a integração efetiva das questões ambientais nas políticas de saúde e do medicamento estão a evolução regulamentar, os aspetos relacionados com a logística e distribuição, a produção verde de medicamentos inovadores, a utilização de fármacos na produção animal e a gestão de resíduos e do fim-de-vida dos medicamentos.
A Ordem propõe a instituição de um Programa de Sustentabilidade da Saúde, que concilie as dimensões ambientais, económicas, tecnológicas, de recursos humanos e literacia, com metas realistas para uma diminuição significativa e sustentada da pegada carbónica.
Os farmacêuticos defendem também a geração de mais conhecimento e evidência sobre o impacto ambiental dos cuidados de saúde, possibilitando decisões e escolhas mais informadas e fundamentadas, nomeadamente sobre medidas relacionadas com a redução de desperdício e da pegada carbónica na prestação de cuidados e com a eficiência e transição energética.
Para os farmacêuticos, o conceito de “uso racional do medicamento” deve agora englobar uma dimensão ambiental. Devem ser estimuladas e divulgadas boas práticas na gestão de medicamento e reforçada a capacidade de minimização, recolha e tratamento dos resíduos de medicamentos, produtos e dispositivos de saúde.
Além do objetivo de neutralidade carbónica nas suas atividades, a OF compromete-se a desenvolver e apoiar as iniciativas para a sensibilização pública sobre a relação entre o ambiente e a saúde e a capacitar os farmacêuticos sobre o impacto do medicamento no ambiente.
Neste âmbito, propõe-se a instituição de mecanismos para certificação profissional no domínio do medicamento e do ambiente e o reforço da colaboração com outros profissionais de saúde, concretizando também a abordagem “One Health”, que integra a saúde humana, animal e ambiental.
Consulte o documento “Medicamento e Ambiente” com a posição da OF sobre os impactos ambientais da prestação de cuidados de saúde.