A companhia farmacêutica Janssen atribuiu, pela primeira vez, o Prémio Janssen Inovação, para distinguir e premiar a investigação científica de excelência desenvolvida por instituições nacionais nas áreas de doenças metabólicas, hemato-oncologia, imunologia, infeciologia e neurociências.
Uma equipa de investigação do ICVS/3B’s Associate Laboratory da Universidade do Minho, liderada por Ionnis Sotiropoulos, recebeu o galardão de maior valor do Prémio Janssen Inovação. Foram 30 mil euros para o trabalho da área de Neurociências “Tau therapeutics in stress-evoked brain pathology: exploring the path from depression to Alzheimer´s disease”, que contou ainda com a co-autoria de Ana Sofia Lopes, João Silva, Chrysoula Dioli, Mónica Morais e Vítor Pinto.
Este trabalho caracteriza a forma como o stress crónico instiga a patologia cerebral, identificando a proteína Tau como um modelador importante na disfunção emocional e cognitiva induzida pelo stress, e foi reconhecido por dar um passo importante para a identificação dos mecanismos subjacentes à fisiopatologia da Doença de Alzheimer.
Já o segundo prémio foi atribuído a uma equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra cujo trabalho poderá constituir a base do primeiro medicamento relevante para tratar ou, pelo menos, atrasar a progressão da Doença de Machado-Joseph. A equipa liderada por Cláudia Cavadas, e constituída por Janete Cunha-Santos, Joana Duarte-Neves, Vitor Carmona e Luís Pereira de Almeida recebeu 20 mil euros. O projeto de investigação na área das Neurociências “Novel therapeutic approach to alleviate neuropathology and motor deficits in Machado–Joseph disease mouse models: molecular and pharmacological activation of SIRT1 pathway” mostra pela primeira vez, em modelos animais, que a restrição calórica, pela ativação da SIRT1, atrasa a progressão da doença de Machado-Joseph.
Ao trabalho da área da Infecciologia, “Role of Cathepsins in Mycobacterium tuberculosis Survival in Human Macrophages”, liderado por Elsa Anes, e onde participaram mais dois investigadores do iMed.ULisboa, David Pires e Nuno Carmo, foi atribuído o terceiro prémio, com um valor de 10 mil euros. Os investigadores foram distinguidos pela descobertas que fizeram sobre as bases do desenvolvimento da Tuberculose, que poderão ser usadas como futuras estratégias terapêuticas, num momento em que as resistências a antibióticos causam cada vez maior preocupação a nível mundial. A equipa percebeu que o bacilo da Tuberculose é um agente patogénico que sobrevive, no hospedeiro, em macrófagos, células desenhadas para matar e controlar infeções. Uma das razões dessa sobrevivência, descobriram os investigadores, baseia-se na manipulação de catepsinas do hospedeiro e que a reversão disso poderá contribuir para terapias alternativas aos antibióticos.
Para além dos três Prémios foram ainda distinguidos quatro trabalhos com menções honrosas. «A qualidade das candidaturas era tão elevada que a Comissão de Avaliação, para além de selecionar os premiados, considerou de elementar justiça distinguir ainda alguns outros trabalhos com menções honrosas», justifica Jorge Sampaio, presidente da Comissão de Avaliação do Prémio Janssen Inovação.