O relatório final do estudo “Delegação da dispensa de terapêutica antiretrovírica nas farmácias comunitárias: avaliação dos ganhos em saúde e das consequências económicas” revela uma “elevada satisfação” dos doentes com o serviço prestado e uma maior comodidade e conveniência no acesso à medicação.
O trabalho realizado pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada
na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, pelo
Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa, e pelo
Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional das Farmácias
abrangeu 43 doentes e 29 farmácias, de um total de 253 farmácias com formação
para a dispensa da terapêutica antiretrovírica (TARV).
“Durante o período do estudo, foram realizados um total de
342 atendimentos com dispensa de medicamentos TARV. O número médio de
atendimentos com TARV por PVIH foi de 8 atendimentos. No total dos atendimentos
analisados foram dispensadas 779 embalagens de 13 medicamentos TARV diferentes.
Os atendimentos foram mais frequentes durante a semana de trabalho (96%) e
menos frequentes ao fim de semana (4%)”, pode ler-se no relatório final.
A maioria dos participantes (79%) deslocou-se “a pé” até à
farmácia onde levantava a medicação, o que não aconteceria se a dispensa fosse
realizada na farmácia hospitalar. Comparando o tempo médio para estas
deslocações, verifica-se um ganho de quase 30 minutos, tendo sido reportado
tempos de deslocação até à farmácia de 12 minutos e de 46 minutos até ao hospital.
Também o tempo de espera para atendimento foi menor nas
farmácias comunitárias, de 5 minutos, comparado com 16 minutos quando a
dispensa era realizada nos hospitais.
“Verificou-se um aumento substancial nos níveis de
satisfação das PVIH, no atendimento em geral, na avaliação das condições de
privacidade, no horário de atendimento e no tempo de espera. Por outro lado,
não houve impacto significativo na qualidade de vida das PVIH relacionada com a
saúde nem na adesão à terapêutica decorrente da alteração do local de cedência.
Simultaneamente ocorreram reduções substanciais em termos do tempo gasto no acesso
aos medicamentos”, referem ainda o relatório
No entanto, os autores advertem para uma interpretação prudente,
“uma vez que se trata de uma amostra num contexto urbano, muito específico, com
PVIH seguidas apenas num hospital”.
“Em suma, do conjunto de resultados obtidos emergem
ideias de base que incluem a elevada satisfação das PVIH com o serviço
prestado, e uma maior comodidade e conveniência nas deslocações à farmácia das
PVIH”, concluem.