Farmacêuticos hospitalares e comunitários iniciam colaboração na entrega de medicamentos hospitalares – Notícias


“Operação Luz Verde” é a designação de um novo serviço gratuito para os utentes e para os hospitais, no atual contexto de pandemia de Covid-19, que visa garantir a continuidade terapêutica dos doentes que se têm de deslocar aos hospitais para receber a sua medicação. Desta forma, minimiza-se o risco de contágio para doentes muitas vezes já fragilizados e garante-se a continuidade da adesão à terapêutica.

Com o apoio institucional das Ordens dos Farmacêuticos e dos Médicos, e o envolvimento das associações setoriais, a “Operação Luz Verde” assegura uma resposta articulada de médicos e unidades hospitalares com os operadores do circuito do medicamento (indústria, distribuidores e farmácias) para garantir a entrega de medicamentos habitualmente cedidos pelos serviços farmacêuticos hospitalares aos doentes assistidos em ambulatório.

Evitam-se, deste modo, deslocações dos doentes aos hospitais onde são assistidos, em particular às unidades vocacionadas para resposta à pandemia da COVID-19, prevenindo, por outro lado, a interrupção da terapêutica por dificuldades ou impossibilidade de acesso aos serviços hospitalares.

«O governo deu “luz verde” para os farmacêuticos poderem articular a entrega de medicamentos dispensados exclusivamente nos hospitais. Os doentes também já tinham manifestado a preferência por levantar a sua medicação nas farmácias comunitárias ou receber no domicílio. Com este novo serviço, garantimos que todos os doentes têm acesso aos medicamentos que costumam levantar nos serviços farmacêuticos hospitalares, com total segurança e maior conveniência. Estou segura de que será valorizado por todos os intervenientes, das autoridades aos doentes, passando por todos os agentes do circuito do medicamento, e muito especialmente por farmacêuticos hospitalares e comunitários, cujo trabalho de articulação é um exemplo de diferenciação profissional», realça a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

«A pandemia que vivemos obrigou a uma grande reorganização dos hospitais, que estão sobretudo focados na COVID-19. Mas a Ordem dos Médicos está também muito preocupada com o impacto que o surto está a ter nos doentes com outras patologias, seja por não terem acesso a consultas, cirurgias e exames em tempo adequado, seja por dificuldade de acesso à medicação», explica o bastonário da Ordem dos Médicos. «Com este projeto queremos continuar a estar do lado da solução, facilitando a vida aos doentes, mas sem abdicar de uma supervisão clínica e de uma articulação com as farmácias para que sempre que haja alguma dúvida ou constrangimento o médico assistente seja chamado», destaca Miguel Guimarães.

A medida é também muito bem acolhida pelos representantes dos doentes. «É o resultado de um pedido feito pela comunidade», realça Ricardo Fernandes, diretor executivo do GAT – Grupo de Ativistas em Tratamentos. «Há uma série de constrangimentos para as pessoas com VIH/sida e com outras doenças crónicas que nos levou a pedir ao Ministério da Saúde e à Direcção-Geral de Saúde (DGS) para porem em prática um sistema que considerasse a situação em que vivemos. Faz todo o sentido que, num momento em que enfrentamos uma situação de pandemia, as pessoas não sejam aconselhadas a ir ao hospital, seja para consultas seja para levantar a sua medicação na farmácia. É, por isso, uma iniciativa válida e importante», considera.

«A Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, na sua missão de defesa pela melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas pela esclerose múltipla, congratula-se pelo esforço e dedicação que a Ordem dos Farmacêuticos e a Associação Nacional das Farmácias, em conjunto com outras entidades da Saúde, coloca no apoio aos utentes do sistema de saúde», acrescenta o vice-presidente da SPEM, Paulo Gonçalves.

O serviço agora implementado a nível nacional foi testado em projetos-piloto no Centro Hospitalar Lisboa Central (TARV II) e no Centro Hospitalar e Universitário de São João (Pharma2Care), registando elevados níveis de satisfação dos doentes e cumprindo o objetivo essencial de adesão à terapêutica.*

A dispensa da medicação é articulada pela Linha de Apoio ao Farmacêutico e efetuada pela farmácia escolhida pelos doentes. As farmácias comunitárias asseguram sempre o serviço de entrega ao domicílio, a título individual ou em articulação com os municípios, juntas de freguesia e outras entidades do setor social. O fundo de emergência Abem assegura que este serviço é gratuito até ao final de maio.

A “Operação Luz Verde” é a resposta do setor farmacêutico à norma conjunta emitida DGS e pelo Infarmed (Norma DGS/Infarmed n.º 003/2020, de 19 de março), que introduziu a possibilidade de entrega de dispensados nos hospitais pelas farmácias comunitárias. 

*Estudo de Satisfação do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE) da Faculdade de Medicina de Lisboa, do Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica e do Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Julho 2018.

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