Ontem foi o primeiro Dia Europeu dos Cuidadores – Notícias


Assinalou-se ontem, pela primeira vez, o Dia Europeu dos Cuidadores, para reconhecer, apoiar e capacitar os cuidadores informais em toda a Europa. Em Portugal, estima-se que existam mais de 800 mil cuidadores informais, que, segundo um estudo financiado pela União Europeia, prestam mais de 80% todos os cuidados que as pessoas que vivem com doenças necessitam. O reconhecimento formal ocorreu há cerca de um ano, pela Lei n.º 100/2019, de 6 de setembro, mas existem ainda barreiras burocráticas que dificultam o acesso a este estatuto.

Diversas organizações europeias de cuidadores informais associaram-se para celebrar o primeiro Dia Europeu do Cuidador Informal, numa iniciativa da Eurocarers, a maior rede europeia de cuidadores informais que identificou “dez etapas para tornar as sociedades amigas dos cuidadores informais”:

Etapa 1: Definir e reconhecer os Cuidadores Informais

Etapa 2: Identificar os seus Cuidadores Informais

Etapa 3: Avaliar as necessidades dos Cuidadores Informais

Etapa 4: Apoiar as parcerias multidisciplinares para os serviços de cuidados integrados comunitários

Etapa 5: Facilitar o acesso dos Cuidadores Informais a informações e conselhos sobre cuidados e o equilíbrio entre a sua vida e os cuidados que prestam

Etapa 6: Prestar atenção à saúde dos Cuidadores Informais e evitar consequências negativas na sua saúde

Etapa 7: Valorizar o descanso do Cuidador Informal

Etapa 8: Fornecer acesso a formação e capacitação aos Cuidadores Informais, de forma a reconhecer as suas aptidões

Etapa 9: Prevenir a precariedade e pobreza dos Cuidadores Informais, permitindo que tenham uma vida profissional e de formação ativa

Etapa 10: Ter em consideração a perspetiva dos cuidadores Informais em todas as políticas relevantes que lhes digam respeito

 A nível nacional, as associações representativas dos cuidadores informais – Cuidadores Portugal, Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) e Because I Care – Associação para Apoiar e Cuidar de Pessoas que Cuidam – têm vindo a reunir com o Governo, através dos Ministérios da Saúde e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, sensibilizando os decisores para a necessidade de maiores apoios financeiros e maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal do cuidador informal.

 As associações de cuidadores informais sugeriram a integração destas pessoas nos grupos prioritários de vacinação, com acesso gratuito à vacina contra a gripe, por exemplo, mas também numa eventual vacina contra a covid-19.

“Em Portugal, vivemos um consenso político para a necessidade de apoiar os cuidadores informais”, reconhece o presidente da Cuidadores Portugal, Bruno Alves. No entanto, adverte, a “maioria dos cuidadores luta ainda contra a enorme sobrecarga económica, física e emocional. É urgente continuar a agir e apoiar os cuidadores informais portugueses. Os projetos-piloto devem ser traduzidos num apoio prático e efetivo a nível nacional o mais rapidamente possível, assim como os cuidadores informais com mais necessidades e em crise devem ter respostas mais rápidas”, defende.

Fátima Saraiva, presidente da Because I Care, explica que a associação nasceu “para cuidar de quem cuida”, desenvolvendo vários tipos de respostas sociais para os cuidadores informais, e recorda que “cuidar pode ser tão gratificante como devastador”, realçando, por isso, a importância da promoção da saúde, do bem-estar e do equilíbrio emocional dos cuidadores informais.

A ANCI pretende ser uma associação de referência em toda a comunidade, desenvolvendo e promovendo actividades que visem a qualidade de vida e a redução da percepção de sobrecaga do Cuidador Informal; Divulgar todas as respostas e serviços sociais de apoio ao Cuidador Informal e da pessoa Cuidada; Esclarecer todas as necessidades, direitos e deveres do Cuidador Informal.

No mesmo sentido, a presidente da ANCI, Sílvia Artilheiro Alves, destaca que se considera “obrigação do cuidador informal cuidar com amor, mas é uma tarefa demasiado extenuante e exigente e, em muitos casos, assumida apenas porque não existe outra opção, devido à ausência de respostas sociais do Estado”, explica. 

“Os cuidadores informais querem ser capazes de cuidar por sua livre escolha e com dignidade. Pedimos justiça no trabalho, para que no final de uma vida dedicada a cuidar e ao bem-estar do outro, não tenhamos que implorar por uma reforma; ter direito ao descanso e à saúde para os Cuidadores Informais e não apenas para as pessoas cuidadas”, defende esta responsável. 

O diretor executivo da Eucarers, Stecy Yghemonos, admite progressos no apoio aos cuidadores informais em vários países europeus, embora considere que “não foram suficientes ou suficientemente rápidos para garantir que todos os cuidadores informais sejam totalmente apoiados pelos sistemas de saúde e segurança”.

 “Em tempo de pandemia, é mais importante que nunca consciencializar sobre as necessidades dos cuidadores informais e reconhecer o seu papel fundamental e central nos sistemas de saúde e cuidados a longo prazo, acelerando o seu desenvolvimento em todos os países e regiões da Europa, protegendo a sua saúde e bem-estar”, refere o responsável da Eurcarers.

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