A Associação de Distribuidores Farmacêuticos (ADIFA) apresentou, no III Congresso Nacional da Distribuição Farmacêutica, o estudo “Caracterização e Avaliação do Impacto da Distribuição Farmacêutica em Portugal”, que traça um retrato aprofundado da relevância económica, social e sanitária do setor.
Elaborado pela Deloitte, o estudo revela que, em 2024, o mercado farmacêutico e consumer healthcare português atingiu 4,9 mil milhões de euros, crescendo 32% desde 2020. A mesma tendência de crescimento verificou-se no número de unidades vendidas no mercado total, que em 2024 se aproximaram dos 400 milhões de unidades, valorizando 17% face a 2020.
Os dados revelam que o mercado farmacêutico em Portugal continua a aumentar, crescendo, em preço de venda aos armazenistas(PVA), 17% entre 2021 e 2023, em linha com a União Europeia.
Em 2021, registou-se uma mudança de padrão na despesa pública do Serviço Nacional de Saúde (SNS) , em que o mercado hospitalar ultrapassou, pela primeira vez, o mercado de comparticipação de medicamentos. Entre 2020 e 2024, o mercado hospitalar cresceu 69%, acima do crescimento dos 24% registado para o canal ambulatório. No último ano, a despesa hospitalar cresceu 16%, enquanto o canal ambulatório cresceu apenas 6%.
No que toca ao setor da distribuição farmacêutica, as vendas totais dos distribuidores farmacêuticos atingiram cerca de 2 762 milhões de euros em 2024, refletindo um crescimento face a 2016. Este aumento, de aproximadamente 790 milhões de euros (40%), acompanha a recuperação substancial do mercado após os anos de crise, bem como a expansão do volume de medicamentos vendidos no canal farmacêutico.
Já os custos dos medicamentos cresceram 758 milhões de euros, desde 2016, um aumento de 42%, evoluindo a um ritmo mais acelerado que as vendas. Os custos de mercadorias vendidas e matérias consumidas (CMVMC) totalizam 2 580 milhões de euros em 2024. Estes pesam mais de 93% da estrutura de custos dos distribuidores farmacêuticos, refletindo a necessidade de aquisição, armazenamento e manutenção de stocks mínimos para garantir a sustentabilidade e contínuo abastecimento das farmácias, o que resulta em reduzidas margens de rentabilidade.
Impacto na economia e saúde pública
Em termos de impacto económico, a distribuição farmacêutica contribuiu com 302 milhões de euros para o PIB nacional em 2024, correspondendo a 0,11% do total, e emprega mais de 2 000 profissionais, gerando ainda 1,5 empregos indiretos noutros setores da economia por cada posto de trabalho direto na distribuição.
Os trabalhadores do setor da distribuição farmacêutica estão presentes por todo o país, com maior concentração nos centros urbanos, e apresentam diversidade etária, género e escolaridade.
No plano da saúde pública, o estudo destaca o contributo da distribuição farmacêutica para o sucesso da vacinação sazonal e para a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, que reduziram significativamente as deslocações e tempos de espera dos utentes. O modelo de distribuição de serviço completo apresenta também um impacto ambiental positivo, com uma redução de 621 mil toneladas de CO₂ em 2024, comparativamente ao modelo de distribuição direta.
A distribuição farmacêutica nacional apresenta bons indicadores de serviço, nomeadamente no que respeita à duração média de entregas em farmácia que, comparando com a União Europeia, apresenta -5% no tempo médio de entrega.
Entre as orientações estratégicas para o futuro, o relatório aponta a necessidade de reforçar a sustentabilidade económica e ambiental do setor, investir em inovação e digitalização, e rever os modelos de remuneração para garantir a continuidade do serviço público essencial que assegura o abastecimento de medicamentos a todas as farmácias do país.